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Ensaio Reticom

Ensaio Reticom

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Desvairando o ano letivo

Meu estômago se contorce como meu corpo não poderia suportar
Concentra-se onde deveria digerir aquilo que eu escolhi mastigar
Engulo pedaços inteiros pois não há esforços externos que ajudem a triturar
A realidade medíocre e desigual que a maioria escolhe acreditar

Me desgosto, me desgasto
Invisto, saio e gasto
Relembro, releio, refaço

Me corrói a indisponibilidade, a indiferença, a irresponsabilidade
O orgulho, o consumo, o conforto, a preguiça não têm maturidade
Só seremos melhores de fato se nos desconstruirmos da verdade
Quando percebemos que fazemos parte do todo ao alimentarmos a iniquidade

Me despeço, sem apreço
Com choro, sem cheiro
Acho chuva desespero

Chovo tempestade que lava o que acumula nas terras e nas nuvens
Enquanto passeiam desfilando, cantando, se queixando, se afogando
Refresco minha alma inundando meu corpo
Agradecendo por mim e lamentando pelo morto.


Colhendo melões

Um ano em um dia!
Noite pingada, ansiedade vazante
Sonhos interrompidos por expectativas
Que nos trazem a vitória sem os passos de antes

Agarrar a esperança e o amor com os dedos
Pra que não escape, em nenhuma respiração
A gratidão infinita que engole qualquer medo
Que eleva seu estado até o próximo "não"

E em três horas padeço
Meu corpo reage, minhas lágrimas me afogam
Não mais me fortalece o meu apreço
Me contamina a superficialidade que outros rogam

A vida nos entrega o que merecemos
Plantamos sementes, mas não é certo o que colheremos
Se buscamos por água e pão, de certo podemos encontrar
Consistência para mastigar, nossa sede irá matar
Num pé de melão que nem ousamos plantar.

Te brota o que és teu de fato
O jardim do outro é lindo aos teus olhos
Mas há de custar ao outro os seus próprios.

Sou grata às minhas sementes de frutos
Que haverá de crescer para alguém saborear
Em meu caminho, encontro brotos que desfruto
Com a gratidão à quem um dia quis plantar.