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Ensaio Reticom

Ensaio Reticom

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

mais ou menos isso...

Desarme seus sorriso e suas verdades
Ausente teu corpo da preguiça dominante
Desapegue da matéria e da vaidade
Perceba-te responsável por tudo, a todo instante

Não é o governo quem vai mudar
Não é o homem quem vai inventar
Não é a ciência quem vai apontar
Não é Deus quem vai te guiar

A única certeza que nos deve palpitar
É o sentimento de felicidade interna
E não a encontraremos plenamente
Enquanto houver fome, ganância e guerra

O único caminho que nos cabe buscar
É o da sensação de liberdade eterna
Enfrentar as consequências é o que nos faz mudar
A crença de que a mudança necessária é externa

Tudo vem de dentro pra fora
É você quem pede, o universo devolve
O que vem de fora pra dentro
É necessário filtrar, nem tudo se absorve

Limpar a sujeira, começa nos pensamentos

Perceba o mau que causas ao próximo
Antes de lamentar as injustiças do mundo
Mudar as maneiras, começa nos julgamentos

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Onde atuo? Pra quem? Como?

Talvez não seja minha hora de sentir, se jogar, de apostar
Talvez não seja minha hora de permitir, de conhecer, de arriscar
Talvez não seja minha hora de descobrir sozinha, deixar transbordar

As ondas que me inquietam; as possibilidades de ser todas que habitam em mim. Talvez devesse estar preparando a mim e ao em torno. Preparar-me fisicamente, pois meu interno é um constante sentir. Absorvo o que não é meu e o torno orgânico, e tomo pra mim, trago ao meu domínio. E domino!

Qual será, e se haverá o momento? ...

Talvez não seja no tearo
Talvez não seja em aula
Talvez não seja no cinema,
                                           na dança,
                                                           na carreira
que eu não tenho. Vem pra vida que mantenho.
Sinto a dor, sinto o medo, sinto o êxtase, sinto o pulsar o tempo todo.  Da ânsia de viver e no desejo de morrer. No sublime superar, no suave desistir. É tudo tão vivo, tão meu.... Me falta palco,
                                                                                                                 Me falta direcionamento,
                                                                                                                 Me falta a loucura de não permitir que o externo me limite. Onde é possível se não tenho no teatro
                                                                       no ensaio, na experiência, nos olhos fechados, no cair no chão
Palpita a dor, o riso. Palpita a solidão, as festas, as drogas, a saúde, o sexo, a frigidez e o desejo contido, preso. Palpitam os desejos imundos, o peso, a moral. Palpita a projeção de que nada é meu. Palpitam as vidas...
O corpo incha, não suporta mais.
              A imagem turva, gira, a mão dói, o barulho atormenta.
              O cabelo, o corte, o ânus, o nariz, a cervical, o dedão do pé, o ...
Relaxamento, o êxtase, o orgasmo mental.

O ar entra passeia e sai.
                                     Eu vivo constantemente a mudança e disfarço para não ultrapassar os limites das expectativas alheias. Eu sinto muito, vivo aos poucos. Para que a mudança não seja um choque . Se torne uma reflexão.
Tudo que me calo, me palpita. Nem sempre sai bonito! MAS SAI! Pra mim,
                                                                                                                      de mim,
                                                                                                                                    em mim       VOLTA!

É constante, é o ar, é o respirar. Só não faço barulho, porque
talvez não seja minha hora....

Considerações sobre a prática do Ator - III

O Ator deve ter a disponibilidade, a oportunidade, a coragem e o desprendimento de se jogar no seu próprio buraco negro, e o diretor é quem deve trazê-lo de volta quando necessário.
O Ator que interrompe ou nunca se quer se permite tal mergulho, não exerce com honestidade e lealdade a profissão escolhida. É como boicotar as próprias escolhas... beira o suicídio!
Não há espaço para o ator que mergulha, não aqui, neste mercado. Não sei no mundo, mas vejo onde atuo, sei do que sinto e o que me palpita. A profissão exercida aqui é como um biólogo que, por amor à vida, justifica o "sacrifício" de milhares de vidas. Se mata por amar, para amar. O Ator aqui se suicida em cada trabalho vendido, por cada godo cachê pagos por grandes dominadores, que retêm a veracidade do nosso trabalho.
O Ator não deve  viver para o externo, deve-se permitir estar sempre presente consigo mesmo. O Ator deve enfrentar suas sujeiras, sua falta de caráter, sua inveja, seu odor, sua secreção, seu ódio. O Ator deve dominar, racionalmente, seu amor, seu tesão, sua compaixão, suas amizades, sua fé.
Pois é a única  profissão cujas ferramentas de trabalho não são palpáveis, não são definidas e só são compreendidas quando compartilhadas.
Compartilhar não faz o outro sentir o que você sente. Isso é sempre individual, particular... Compartilhar é troca de referencias para que a busca se amplie, e ela não cessa nunca.

Considerações sobre a prática do Ator - II

Começando pela semiótica, vou definir, para não perder a linha de raciocínio, a minha ideia, a minha interpretação de ATOR.

O atual começa saindo de fora, voltando pra dentro.
Demora para entender que suas certezas são relevantes e insignificantes quanto a de cada ser humano deste mesmo mundo. Que dirá se considerarmos cada ser vivo...
Desmontar a personalidade,a persona que se demora tanto a descobrir, que nos é tão cobrada desde a escolinha...
                 Desconstruir nossas verdades, desconfiar de nosso deus, desmascarar nossos pais, desconstituir nossos gostos...
   Desafiar nossas seguranças, imundar nossos senso de estética. Enxergar, aceitar, não mudar, não criticar, não opinar, não achar...
Jogar no chão todas as ferramentas e nossas bases de comparação.
Desarmar medos, certezas, fé... Se despir da roupa, da moral
Se permitir, não se importar com nada EXCETO entender e dominar o que REALMENTE se sente.
A viagem pra dentro é complexa e infinita! E dominar a trilha pra fora é o desafio.
Quando se jogar, sem que precisemos pensar na volta? Eis o papel do diretor!

Considerações sobre a prática do Ator - I

A prática do ator não deve ser rotineira.
Exceto pelo hábito da leitura e exercícios físicos, a fim de manter as ferramentas sempre renovadas, o ator não deve se entregar a uma rotina repetitiva, que conforte atividades repetitivas, tornando ações e reações mecânicas.
O ator deve procurar atividades novas, que esforce o corpo e a mente, que os empurre ao novo, ao desconhecido. Fazer com que a comunicação entre o interno e o externo seja uma conversa constante e desafiadora. Assim, o ator estará sempre disponível ao novo, desfavorecendo o medo em se arriscar, provocando e permitindo a reação natural ao novo. O ator deve buscar o desconforto constante, dúvidas inacabadas.Respostas geram outras dúvidas, e este ciclo é eterno.
A beleza nas dificuldades da profissão no Brasil, está também em obrigar o ator a procurar novas oportunidades para pagar as contas... Meses trabalhando em bar, bicos em escritórios, baba, animadores recreacionistas, office boy...
O mundo é repleto de laboratórios, prioridades, verdades e falta de escolhas permeiam a vida de todas, assim como das personagens, mas NUNCA na vida do ator.