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Ensaio Reticom

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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Filtrando e Germinando

Tempestade sem aviso prévio, exceto por uma nuvem pesada porém desacreditada. Nuvem de espelho me exibindo egoísmo desfocado, brumas de incertezas que me impedem de parar.
Caminho assim, sem certeza de chegar.
Sei do que gosto , mas não alcanço atuar. Não com as exigências que almejo, com as palavras que cutucam.
Enxerguei há algum tempo que o que me impede tem a ver com que eu jogo. Não é mais buscar iguais, o que me soa adolescente, quase infantil. Preciso de quem me force a fechar os olhos para o que me forço ver; quem quem me faça ressignificar o meio, quem questione, quem se incomode, quem não se conforme...
Senti um dia dividir esta ansiedade em sala de aula, gerando conflitos revoltados, curiosidades engasgadas e a busca por resposta que mal sei se existem...Embarquei nesta e achei que poderia saciar minha ânsia, compartilhar injurias, construir novidades.
Me encontro por entre profissionais, de novo, sem ambições sociais, exceto por as mãos no próximo salário miserável. Atores e professores se boicotam por pouco, salvo exceções. PRECISO destas exceções.
Preciso de um tempo agora para germinar, eu vou brotar!

deus e a classe média


Na sensação de engolir culpa por ações curiosas, escolhas minhas que não podem carregar a falsa moral da ordem mundial. Moral definida por religiões esquizofrênicas, financiada por fieis apáticos, consumidores de corpos mortos, enfeitados de peles e ossos, portadores de palavras desestruturadas porém rápidas e fálicas como balas perdidas. Estas balas machucam! Mas não me pararão, pois meu caminho é interno. Meu objetivo é tirá-los de mim, impregnados como microcélulas que permeiam este mundo, pairando no ar de geração para geração, e que numa onda cagada compôs meu todo. Se são parte do meu todo, serão de minha matéria e não do que considero integridade. Partirão quando se aproximarem de orifícios que expurgam o que meu corpo rejeita e recebe o que eu aceito.
Eu não aceito ordens e regras vindo de amigo imaginário. Eu não aguento argumentos em nome deus.
Em nome de deus se justifica guerras, mortes, explorações, concentração de riquezas, fome, desequilíbrio social. Pessoas adormecem nas escadarias de catedrais esplendorosas; o Vaticano acumula uma quantidade estúpida de ouro e outros minérios; pastores exibem carros e fazendas entrando no mundo dos negócios. Política e produtos manipulam os gostares, as preferencias... Ninguém entende porque tanta violência? Ninguém entende porque tantas falcatruas e mentiras? Ninguém entende porque tanto trânsito??
Tem muita gente no mundo. Muita gente ocupada em ficar bonita e conseguir um emprego para pagar as prestações dos videogames. Muita gente feliz com a classe média crescendo... crescendo o número de consumidores=devedores do sistema. Compra, deve, o sistema funciona. Classe média é composta por aqueles que nunca vão pagar suas dívidas. Ela é o coração do capitalismo. Devedores e fieis. Consumidores e cristãos.
Cristo deve ter se arrancado da cruz ao ver as riquezas acumuladas em seu nome. Vergonha alheia!
Se Cristo voltasse morreria de fome nas escadas de uma igreja.
Se Datena existisse na época, pediria imagens ao vivo da crucificação enquanto classe média sofreria horrorizada em meio ao jantar processado, pronto pelo microondas.  


   

Pelo R.S.I. de Lacan


Cansada frases prontas e atitudes ocultas devoradas por cotidianos sedentos de mesmice. Saio daqui para entrar em mim.
Cansada de escapismos em culpar o coletivo, o sistema, o papa, os outros... Escape do mundo correndo atrás de você.
Cansada do FaceBook exibindo pessoas perfeitas com desejo de um mundo pacífico e ao sair da vida on line me deparar com gente igual, competindo beleza num mundo violento, devorado pela fome, implodido pela ganância.
Cansada e vomito aqui, antes de dormir.
Cansada de mim hoje e durmo para renovar-me para amanhã!
Amanhã é dia de compartilhamentos, de trocas, de lembrar que o mundo simbólico é estruturado por um real ideológico. Que viver no imaginário, é preciso. Sempre será! É o imaginário que levará ao vento as estruturas hipócritas deste mundo real, o mesmo vento que elevará sua consciência para o mundo simbólico, o que é o verídico dentro de você. Então descubra-o! Desrelacione-o com o que entendeu que não faz parte de você e que é empurrado como essencial. Defina-o!

Aprendi que as fadas mordem... ;)

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A angústia faz parte da vida... como sorrir faz parte do dia, abraçar faz parte da família, perder faz parte do amor.Não é negativo refletir a angústia, ela existe. Ignorá-la seria estupidez.

Não quero tentar entende o motivo do nó, quero que ele aperte, me torça até a última gota.
Que bom que hoje chove, tímido, mas chove.

A morte chegando na minha frente... divido assim o que me esmaga no peito com a força de fora que chega no pássaro. Muitos pássaros na minha vida em um ano. Mais mortes do que vidas. Angústia e morte não deveriam insistir em serem próximas. Chego então ao que preciso escrever: Ressignificação!

Tenho me esforçado em olhar especificidades que me fazem cegas às outras riquezas. Tenho insistido em entender situações e perco momentos. Passo muito tempo escolhendo palavras e perco pensamentos.
É necessário o processo de ressignificação.
Questionar o significado das coisas que são tão importantes.
Questionar as escolhas, as ações, o tempo relativo e tao propenso às questões. Eu nunca me permiti parar de questionar, mas temo ter dado certezas demais à situações que permitem relaxamento.

O pássaro está sobre a terra, num vaso branco. Tirei-o da gaiola para que não vivesse seus últimos momentos numa prisão. O pássaro não viveu numa prisão, fora livre! Mas machucou-se e algo o priva de voar... Comeu, caiu e não voa! Está sobre a terra agora, no vaso, entre plantinhas que parecem alecrins esparramados...

Não escolho palavras e elas desatam meu nó. Estou em processo de ressignificação e mal consigo entender o real conceito desta palavra. Como ressignificar, por entre meus pensamentos estruturados pela mesma base? É difícil permitir novos significados àquilo que consumiu tempo para que fosses uma certeza. Me desapego da certeza, então. Será este o exercício? Nem tenho muita certeza de nada... mal sei qual plano seguir da minha vida. Não quero então, nem ter a certeza de ter algo que me conforte e me permita não ter certeza. Desapego? Escrevo perante a morte... que começa a empurrar, como se de dentro pra fora... A respiração parece ter pressa para que passe por todo o corpo.. que não me parece ceder.

O corpo nunca cede! Mesmo que insistamos, ele não cede.

Passo tempo demais contando o que me parece importante, o que me propuseram a jogar e perco o urso dançando...
Entra Edith Piaf... entra em meu espaço, em minhas entranhas convidadas pelos ouvidos. Que possas me elevar ao espaço novo de ressignificações!

Meu tempo nos convida a sermos perdidos em nossas vidas! Acatamos ao que nos cala as respostas ou insistimos em busca-las por entre palavras perdidas e reações assustadas.