Páginas

Ensaio Reticom

Ensaio Reticom

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Com honestidade...

... não sou atriz de publicidade, não sirvo para testes universitários, de câmera. Sou atriz de processos, de construção, de estudo, de grupo. Sou o tipo de atriz que transborda nas mãos de um bom diretor e não suporto trabalhos que permeiam em meu raso. Sou atriz inteira, de me perder entre a personagem e de deixa-la em mim. Não sou atriz de um dia só, não sou atriz de agradar publicitário, não sou atriz por que dá dinheiro, não sou atriz atrás de fama. Sou atriz que vasculha, que incomoda, que zomba, que volta, que irrita, que seduz, que enoja a mim mesmo... Sou atriz de processos longos, de dias de estudo e práticas. Sou atriz de submersão. Não sou atriz que explora zona de conforto. Sou atriz em busca constante de desconforto, de limites, de desconstrução. Sou atriz de esvaziar sempre que o pote lota. Sou atriz de desapego. Não sou atriz relâmpago, de sorriso maroto e olhos verdes.
Não sou atriz de limites, sou atriz de liberdade! A liberdade de ser e estar em qualquer posição tão fácil de ser julgada e resolvida. Sou atriz de contradição, de crescimento. Sou atriz de olhos fechados, vivos pro interno. Busco em mim o forte da personagem. Sou atriz de desapego do porto seguro para poder embarcar no desconhecido, sem me preocupar com a volta. Sou atriz que não volta! Sou atriz da antiga, por mais renovada que esteja minha alma. Não sou atriz pra rótulo, para embalagem, para venda. Sou atriz de produzir, não sou atriz produto.
Não vendo meu produto, muito menos o seu. Produzo para dividir, divido para somar.
Não tenho vídeo-book, estudo vídeos e leio Livros. Sou o que filtro o tempo todo, de tudo.
Sou atriz de diretor faminto, curioso, insaciável.
Não sou atriz de mercado. Sou atriz escassa...

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Pra que servem as palavras?

Não dá pra escrever pensando muito em como escrever. Entendo que o entendimento da palavra, como principal ferramenta de comunicação, nos favorece em entender o que sentimos e a forma como recebemos o mundo, para que possamos, com segurança, externalizar nossos sentimentos, respeitando nossas angústias, aprendendo com nossas contradições. Não será possível ansiar para que o outro entenda e respeite opiniões e posicionamentos se nem ao certo está claro para aquele que visa externalizar.
A busca pelas palavras certas, com importância relativas à gramática (que se tornam relativas por ultrapassarem a necessidade estética, pois seu foco é comunicar) está presa ao medo que temos de pré julgamentos... Vejo que a estrada escolar ainda segue por este caminho. Muito tempo com desgastes gramaticais, e o conteúdo da comunicação, daquilo que quer e precisa ser dito, se dissolve entre erros e acertos apontados de vermelho. Não dispenso a importância de um português bem compreendido, mas entendo que a língua escrita e a língua falada (ou coloquial) separam-se por uma distância considerável. Não é fácil dominar o português, mas acima disso, como problema mundial, não é fácil se comunicar. Entender e se fazer entendido...

Mais uma vez vejo, por outro prisma, a demasiada importância que damos para o que os outros pensam... E em como isso vem sendo imposto à crianças, sem qualquer questionamento e sem motiva-las a fazerem... Questiono (e muito) a fórmula escolar... - rumo para outro tópico!

Mais uma vez encontro minhas projeções naqueles que critico, me identifico com o que me incomoda...
Filtrar o que vem de fora, acho que é este o desafio.
SER antes de qualquer outra coisa, este o objetivo. Entender-se, questionar-se, permitir-se errar, aprender e trocar. Este é meu ritmo, tendo como lei a única obrigação de ser feliz. E ser feliz está em mim, não fora.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Momento de silêncio aqui dentro é momento de caos. Caos que respiramos todos os dias e aceitamos a bagunça como consequências de uma evolução. Evolução é a palavra que conforta, que confirma que o caminho é inevitavelmente, este! Quando o caos é estabelecido, transformações são inevitáveis.
Aceitação das palavras e de atitudes não representa acato ou consentimento. Respiro em meio ao caos e concentro-me nas próximas escolhas para que este caos me afete como deve ser. Estou entre ele, estamos todos enfrentando e criando, contribuindo e desviando do caos natural e inevitável, resultado de nossa evolução.

A arte não representa, não se posiciona (mais). A arte interpreta, traduz linguagens de interesse para a continuidade da evolução capitalista. A arte que transforma não tem espaço para crescer, resultado de sua própria transformação; então segue mutilada e faltante, reticente perante constantes mudanças sem poder acompanha-las. Segue-as com os olhos tristes e percebe-se impotente.A arte sem o artista é o homem sem alma... E percebo tal ausência na apatia das pessoas que fazem o sistema acontecer. As pessoas estão apáticas! Nos ônibus, nas ruas, nos parques, nos bares...

O capitalismo estabelece um único foco, seguimos com cabresto. A igreja lapida nossa estrutura familiar para não nos dispersarmos. A TV nos conforta após nosso exaustivo dia atrás de dinheiro para o bom funcionamento social e estabilidade familiar. A TV é nosso escapismo autorizado, a informação que distrai, luxos e sangue, lixos e drinks, sempre dos outros... A vida dos outros, problemas dos outros, saúde dos outros, você para os outros!
...oferece os produtos que nos completas, nossos pedaços de bom senso embalados em pacotes criados por importantes profissionais, premiados e reconhecidos internacionalmente. A busca pelo vazio se perde entre os corredores dos supermercados, na exigência da perfeição no outro...

Trabalho, acredito e exijo uma Arte maior, a que assume a responsabilidade de transformação, de recuperação de valores, de respeito, de evolução interna, de olhos fechados, isenta de necessidades supérfluas,  alimentadas pelo ego. Sinto falta de artistas que questionem a estética, os rótulos, os bambambans da arte... Vão à MERDA!! Pois é o que falta... adubo!