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Ensaio Reticom

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sexta-feira, 5 de julho de 2013

Nada faz sentido mesmo...

Quando enxerguei que nada mais faz sentido, senti-me na pele de um suicida, que opta pelo desconhecido ao buscar forças para insistir por aqui.
Na minha visão, não refiro-me à morte, pois meu maior sonho é vê-la me procurar, e me encontrar aguardando-a com um sorriso honesto e reticente. Refiro-me ao tentar VIVER num esquema imposto para sobreviver.
Vivemos uma vida medíocre, em conta gotas, tentando adquirir bens inúteis que nos fazem mais felizes aos olhos alheios. Nos criam necessidades inventadas e nos dificultam o saber natural de viver em harmonia com a terra. Vendemos nosso tempo à empresas privadas ou órgãos públicos a fim de que estes paguem bem pelo nosso preciso espaço de tempo, pois nós não sabemos o que fazer com ele. Mas sabemos o tanto de coisa que se pode fazer com o papel que se paga.
Aprendemos que lei da sobrevivência é estruturada por desdém e desrespeito. E não devemos perder nosso tempo questionando tais bases, pois não há quem pague por isso. As coisas são assim, e devemos aceitar.
Somos igualmente desrespeitados pelo poder público, que administra nosso dinheiro desviando de seus fins, que seriam para pagar as condições básicas de uma vida, digamos, digna. Mas me deparo com televisões nos ônibus, que ofertam horóscopos, produtos industrializados e informações de "cidadania" como receitas ou "não coma gorduras" logo depois de um comercial de maionese. Enquanto ao lado, um senhor de barba branca passa por baixo da catraca. A catraca que tem seu corpo de ferro, quase até o chão para que dificulte ou impeça as pessoas de não pagarem.
Nosso ilusório direito de ir e vir, tem um preço. Logo ele está atrelado no "direito"/ DEVER de se ter dinheiro. Para se ter dinheiro, você aceita o que te ofertam, pois a demanda por conseguir qualquer dinheiro é imensa. Nossos direitos à alimentação, moradia, saúde, educação velam sob as mesmas rédeas. É o direito natural do TER. Eu não entendo bem, o que dificulta minha vida por aqui...
As que mais ofertam possibilidades de se ganhar qualquer dinheiro, são as empresas privadas. Que levantam milhões em alguns anos e repartem este dinheiro entre propagandas e chefões da coisa. Com os empregados, fica o minimo que o poder público obrigada a pagar, sob várias regras e papeis estúpidos que nos desencorajam a perguntar ou querer entender. As empresas privadas oferecem, em sua grande maioria, coisas que não precisamos. Mas lembra aquele dinheiro em propaganda? É para que eles nos convençam a precisar do produto. E eles convencem!! Daí a agente aceita ser empregado de uma empresa de merda, que trata mal os consumidores E os empregados, para ter dinheiro para pagar o governo e torce para uma sobra comprar um produto que não precisamos, mas achamos que sim.
O capitalismo nos cerca de opções para que acreditemos na liberdade de escolha. E nos impede, aterrorizando qualquer pensamento, de imaginar como seria uma vida social fora deste esquema. As pessoas não pensam nisso e não acreditam ser possível. E eu, penso, qual o preço que pagamos com nossa saúde e nossos nervos por um conforto inútil, fictício, inventado?
Aí vem um feliz empregado e consumidor me questionar: Se sou contra o capitalismo, porque tenho computador, internet e celular?. E eu, respiro em 10 longos segundos, que me fazem pensar que ele não pode ser capaz de entender. Porque tudo faz sentido para um parafuso que roda feliz vendo a máquina funcionar, e sabendo ele que faz parte desta força... É muito prazer! Difícil é para que não quer brincar de ser parafuso. Ou pra quem não consegue entrar e ser parafuso, nem porca, nem mola, nem graxa...

O que me é claro é que sou NATURALMENTE CONTRA O SISTEMA CAPITALISTA. Disso eu tenho certeza, por que a agressão é de fora pra dentro e a indignação me bomba de dentro pra fora . Porque eu não consigo aceitar o descaso com a vida por preço nenhum. Porque eu não durmo em paz quando me deparo com violências absurdas sofridas por quem não tem acúmulo de dinheiro. Porque eu não aceito ser desrespeitada por uma ordem que não educa, adestra. Que não convida, impõe. Que não abraça, sufoca. Que não pergunta, cala.
Eu não aceito ter que vomitar meu ódio em pessoas que sofre o mesmo descaso, só porque não tem com quem reclamar. Porque o "dono" nunca está presente. Ele paga alguém pra comer a merda! Eu não aceito que sejamos obrigados a comer esta merda porque se paga um dinheiro e então conseguimos comprar feijão pra pôr em casa. Pra alimentar, com sorte, futuros parafusos ou novos comedores de merda.
Eu não acho normal ver vidas jogadas a própria sorte numa floresta de concreto que envenena a comida que a terra dá. Eu não acho justo termos riquezas materiais imposta sobre a pobreza, a desgraça da humanidade.
Fingirmos ser o que? Se animal já soa vida inferior. O que pensamos ser?

Minha utopia em ver este sistema se engolir está estruturada pela palavra "ainda". É uma questão de tempo.
A utopia que o sistema alimenta para continuar devorando vidas, se sustenta com a palavra mágica: Deus.

Lembra que deus olha, culpa, pune, cuida
Aproxima a dor, a doença e a pobreza
Que bem vista aos olhos de deus, te compensa
Não pergunta, não luta, não resiste
Pois há no céu um senhor de barba que te assiste
Goza de tua dor, e com misericórdia
Te julgará após sua morte proclamando concórdia.