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Ensaio Reticom

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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Sobre Leitura da obra de Strindberg, PAI

Projeto 7 Leituras Dramáticas, 7 Autores, 7 Diretores, 7 Encontros - SESC Consolação

Gosto de Leituras. mas penso numa direção criativa sem que perca a característica da Leitura!

Assisti hoje a leitura da obra PAI, de Strindberg. Coincidência ou não, desde o início deste ano tenho estudado e lido muito sobre o autor. Como atriz, julgo suas obras de difícil encenação, como espectadora, me remete à já familiar fórmula dramática. Acreditei que a apresentação no SESC esbarraria no equilíbrio entre meus julgamentos.
Considerando ousadia demais, a Leitura apresentou marcações cênicas e interpretações em conflito com os diálogos que deveriam ser lidos. O que vi foram proclamações de textos decorados com atropelamentos, pois não parecia haver acompanhamento do texto por parte de todos os atores, apenas a urgência em falar. A preocupação em ler, interpretar, interagir e respeitar as marcações poluiu a proposta, onde uma boa e crua leitura supriria as expectativas. As minhas, pelo menos...
Li pouco sobre projeto e vi que marcações, cenografia, iluminação, e outros elementos são propostos, mas no mesmo projeto, ano passado, pude acompanhar leituras que respeitaram o tempo dos atores, favorecendo o estudo e análise do texto, que possibilitou segurança e propriedade dos atores sobre suas personagens, tornando a ausência de elementos cênicos como parte intrigante da apresentação.

Vale elogiar o belíssimo texto de Eugênia Thereza de Andrade no programa do projeto, que nesta edição aborda a Família como tema central.

Não me cabe aqui divulgar críticas destrutivas, mas sim a proposta de debate sobre linguagens e propostas cênicas, a fim de discussões construtivas. Como espectadora, confesso que não senti quase duas horas de espetáculo, mas como estudiosa exponho pontos que me foram conflitantes.

Ansiosa pela Leitura de Álbum de Família, de Nelson Rodrigues agendada para o dia 25 de outubro!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Trecho HamletMachine - H.Muller, 1977

Televisão 
A nojeira nossa de cada dia
Na verborréia preparada 
Pela alegria prescrita
Como se escreve 
ACONCHEGO
Dai-nos hoje a morte nossa de cada dia
Pois teu é o 
Nada Náusea
Pelas menitras em que se acredita 
Nojeira
Dos mentirosos e de mais ninguém 
Asco
Pelas mentiras em que se acreditam 
Nojeira
Pelos rostos marcados dos hipócritas
Pela luta por postos, votos, contas bancárias
Nojeira 
Um carro de assalto que faísca com as suas graças
Passo por ruas galerias fisionomias
Com as cicatrizes da batalha de consumo 
Miséria
Sem dignidade 
Miséria sem dignidade
Da faca do boxe do punho
Os ventres humilhados das mulheres
Esperança das gerações
Sufocadas em sangue cobardia estupidez
Gargalhadas vindas de ventres mortos
Heil para COCA COLA
Um reino
Para um assassino