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Ensaio Reticom

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domingo, 11 de fevereiro de 2018

Às mas línguas

Xiii, ela é dessas...
Pensa que o bebê define a gestação
Gosta de parto sem intervenção
Gente besta pra sentir dor!
Pra que sofrer tanto? Que horror!

Xiii, ela é dessas...
Seis meses só no mamar
Acredita em pulseirinha de âmbar!
E faz cama compartilhada...
Você vai ver depois, ta ferrada!

Xiii, ela é dessas...
Não usa fralda descartável
Nenhum bico é recomendável
Implica com vacina
E no peito também nina

Xiii, ela é dessas...
Toda na livre demanda
Diz que é o bebê que manda!
E na introdução alimentar
É também o bebê que vai guiar

Xiii, ela é dessas...
Frutas e legumes inteiros
Mimimi de formas, gostos e cheiros
Que sujeira comer com a mão!
Pobre criança, este João...

Xiii, ela é dessas...
Não pode carne, leite, não sei o que mais
Tudo tem derivados de animais
E deixa a criança suja no chão!?
Pobre menino, este João!

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Eu enfeito meu caminho enquanto alimento minha crença



Ao tempo deixado em mim, com a ausência de palavras suficientemente complexas, que esbarrasse na imensidão de achismos e sentimentos, num conflito vagaroso sobre o lugar do outro em mim. 
As escolhas entre os meios de manifestações têm mostrado opiniões de aço, porém ocas.
Rostos belos e almas loucas. 
A insanidade, quando não encarada de frente, descaracteriza o indivíduo, transformando-o em sujeito passivo, empurrado pela maré, com discurso pomposo, como se acima da ralé.
Meu desgosto pela desgraça, mentira, hipocrisia esgana minha necessidade de comunicação, de dança e poesia. A beleza perde o sentido em frente ao desdém e a indiferença.
Eu enfeito meu caminho enquanto alimento minha crença.
Assassinos de animais, escassez de professor
Os clientes são os pais e a fome do eleitor
Não importa quem apanha, a polícia tem razão.
Pois protege só quem ganha, são os donos da razão.
Tem a arma na cintura, a farda tão segura, mesmo assim lhes falta o pão.
A lei pertence a quem pertence o capital, não vem dizer que não!
A justiça lenta, que mata a alma e envenena, é pra todo resto que ganha mal e engole merda do patrão.
A arte vendida como entretenimento, respira com inalador entre a população.
Seu mal maior é o dinheiro. Anda matando mais que a poluição.
A doença que vence o ventre, tá exposta na vitrine. Nem amor de mãe redime.
Supera-se a fome, ainda que no lixo.
Supera-se a compaixão, confinada no luxo.
Sinto vergonha de olhar aos olhos de Cristo
E outros tantos que deram a vida numa crença, na luta, pelo justo
A gente segue cego na tentativa de erguer o busto
Mas não se desvê a violência que contorce o rosto.