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Ensaio Reticom

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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

As pessoas têm medo do Amor

As pessoas morrem. As pessoas são presas. As crianças são violentadas. As crianças são abrigadas. Os jovens vão pras ruas. Os adultos pagam contas. Sentem saudades da infância porque ser adulto aqui é uma droga. As crianças querem crescer porque ser criança aqui é uma droga. As pessoas querem dinheiro. As pessoas não se importam. A vida é difícil. O emprego é escasso e a rotina é um saco. Os animais são explorados. A mulher não manda no corpo. Os negros ainda são escravos. Os brancos são gordos. O dinheiro é importante. A escola é cadeia, o emprego é cadeia, na liberdade é cadeia. E a cadeia é a retirada estúpida de pessoas que são violadas e violam porque o dinheiro importa. As pessoas não sabem quem são, do que gostam, o que sonham. Querem dinheiro para viver. Viver é caro. As contas chegam errado, mas as pessoas pagam certo. A comida é envenenada, mas as pessoas comem o certo. A organização política democrática não funciona, mas as pessoas votam certo. A vida tá um saco, mas as pessoas insistem em viver certo. Odiando umas as outras, fingem que amam para ver se cura a doença cotidiana. Mas na verdade, sinto muito, as pessoas têm medo do amor. Porque o amor faz este controle perder o sentido e abre os braços à indignação. Não é possível uma vida medíocre (no sentido de comum) com a indignação abraçando o amor.