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Ensaio Reticom

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domingo, 26 de julho de 2015

Não há alteriadade que a faça existir

Numa parada necessária e contra imposta ela escuta as risadas das crianças da praça, e alcança o sorriso quase sarcástico da lua, que se exibe completando-se. Da risada ingênua, surgida num degrau, num abraço, num banco, num encontro ao sorriso maduro, ancião que quase desdenha as alegrias superficiais que ilustram o todo cruel das mãos humanas.

Na estúpida cidade corrente, sentada no chão imundo que sente passar a história humana, de prepotência exuberante e que entope as veias da natureza artística que nos faz humanos. As expressões interrompidas pelas decisões alheias sobre o que fazer com nossas próprias vidas. E quando nos sobra o corpo marcado, mutilado, desprezado, moldado a ser forma que não somos, que não temos.
Alienação plena que nos afasta de nós mesmos, de nos conhecermos. Ela reencontra na arte com o outro, o não-espaço de acesso ao que poderia ser se lhe fosse permitido tempo para se conhecer. E quase que naturalmente egos se fazem muralhas entre ela e os outros, entre os outros e seu olhar de caça. Que caça olhares inquietos que buscam ver oxigênio em meio à fumaça preta que rotula o atualmente proposto. O que ler? O que vestir? Como agir num reforço ignorante e coercitivo ao ser que tenta sair e que nem ao menos sabe o que é.