Páginas

Ensaio Reticom

Ensaio Reticom

quinta-feira, 24 de maio de 2012

O muro é invisível...

Nada faz sentido quando sentamos em cima do muro
Do lado de lá, coisas que machucam, magoam, desesperam
Do lado de cá, o conhecimento, o conforto, o esquecimento.

Volto pro muro. Quero pular, tentar fazer alguma coisa...
Compartilhar a paz ou amenizar a dor, compartilhar do sofrimento e amenizar o amor
Não fico, pois meu espaço é outro
Me ralo, mas subo e me devolvo.

Acordo cedo. Escrevo, mobilizo, não consumo
Acredito que tais ações reflitam por de trás do muro.
Espio quieta o grito que não sai, a lágrima que não se forma
Engulo seco a angústia da impotência hipócrita que me transforma

Seguro o desespero em choro que se chama desabafo
Até o dia que o vômito não mais justificará o que eu faço
O rir pra não chorar me causa medo
E já riu sozinha, com o pé no desespero.

E se pulo o muro? Pulo e fico lá!
Vou avistar outros olhos quando a fome chegar
Secreções vacinadas contra sujeira, violência...
E som da TV pra se calar.

Ninguém mais ao muro... A TV mostra o mundo
Ninguém mais à frente de uma dor sem culpa
Frente às desgraças e tolerância que não muda
Não se fecha mais os olhos, se pula corpos.

Já está tudo abarrotado. Seres vivos por todos os lados
Uns pulam e se perdem, outros tentam e são mortos
Quem senta sobre o muro nem é mais observado
Já tentam levantar seus próprios tetos tortos

Já penso que este muro tá na hora de cair
Vou sozinha e faço força sem medo de insistir
O discurso que soa defende os tetos tortos
Que dependem do muro para não serem mortos.

 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Temo assustar o amor, de tanto medo que tenho dele...

Não é a dor do erro que me machuca
À ele eu me permito, me transformo, me moldo...
O que amargura é o feio que habita, que tem raiz
Que só se percebe quando os espinhos crescem, fortes e sadios

Quando a defesa te protege do que é belo e seu
Quando a arma aponta de volta, do mesmo jeito, assim sem querer...
Quando você não é pro outro, o todo que o outro é pra você
Quando sua falta é ausência...

Dói quando seu natural não é seu discurso ideal
Dói quando as desculpas não servem, não resolvem
Dói quando o que dói no outro vem de ti como o ar

Temo assustar o amor, de tanto medo que tenho dele...