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Ensaio Reticom

Ensaio Reticom

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Desvairando o ano letivo

Meu estômago se contorce como meu corpo não poderia suportar
Concentra-se onde deveria digerir aquilo que eu escolhi mastigar
Engulo pedaços inteiros pois não há esforços externos que ajudem a triturar
A realidade medíocre e desigual que a maioria escolhe acreditar

Me desgosto, me desgasto
Invisto, saio e gasto
Relembro, releio, refaço

Me corrói a indisponibilidade, a indiferença, a irresponsabilidade
O orgulho, o consumo, o conforto, a preguiça não têm maturidade
Só seremos melhores de fato se nos desconstruirmos da verdade
Quando percebemos que fazemos parte do todo ao alimentarmos a iniquidade

Me despeço, sem apreço
Com choro, sem cheiro
Acho chuva desespero

Chovo tempestade que lava o que acumula nas terras e nas nuvens
Enquanto passeiam desfilando, cantando, se queixando, se afogando
Refresco minha alma inundando meu corpo
Agradecendo por mim e lamentando pelo morto.


Colhendo melões

Um ano em um dia!
Noite pingada, ansiedade vazante
Sonhos interrompidos por expectativas
Que nos trazem a vitória sem os passos de antes

Agarrar a esperança e o amor com os dedos
Pra que não escape, em nenhuma respiração
A gratidão infinita que engole qualquer medo
Que eleva seu estado até o próximo "não"

E em três horas padeço
Meu corpo reage, minhas lágrimas me afogam
Não mais me fortalece o meu apreço
Me contamina a superficialidade que outros rogam

A vida nos entrega o que merecemos
Plantamos sementes, mas não é certo o que colheremos
Se buscamos por água e pão, de certo podemos encontrar
Consistência para mastigar, nossa sede irá matar
Num pé de melão que nem ousamos plantar.

Te brota o que és teu de fato
O jardim do outro é lindo aos teus olhos
Mas há de custar ao outro os seus próprios.

Sou grata às minhas sementes de frutos
Que haverá de crescer para alguém saborear
Em meu caminho, encontro brotos que desfruto
Com a gratidão à quem um dia quis plantar.




quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Santa Paciência

Não me peçam paciência.
Eis um sentimento que pulsa em mim sem qualquer tentativa de ser agradável.
Eis algo que me ultrapassa e me equilibra sem que eu reflita.
Algo que se faz presente mesmo quando escolho não mais tê-la.
Está em mim sem que eu tenha qualquer controle. Eis a ausência da loucura, que pode ser doce...

Minha paciência me faz aceitar a matança e exploração de animais julgados sem valores, exceto comerciais.
Minha paciência me faz andar com meus cachorros presos ao pescoço para que não incomodem os humanos. Me faz confiná-los em casa, atrelando a liberdade deles à minha vontade de caminhar.
Minha paciência me faz respirar a fumaça preta dos carros e a densa e branca de corpos, saída de churrascarias. No qual tenho que aceitar serem chamadas de restaurantes.

Minha paciência me faz ignorar vidas abandonadas, sem qualquer condição de sobrevida.
Minha paciência me faz rir embriagada ao lado de um pedaço de corpo servido com ossos ao prato vizinho.
Minha paciência guia jogos e atividades às crianças, que se quer brincam... E têm os olhos guiados pelo estômago, fisgado na carne morta que, se quer mata a fome de quem tem.
Minha paciência vira omissão frente à um mundo repleto de injustiças descaradas onde todo mundo vê e repassa ou paga o incômodo. Onde nada é culpa de ninguém. Onde os bens materiais são justificados pela luta do trabalho diário.

Minha paciência me irrita! Me irrita pensar nos que tiveram tanta paciência frente à escravidão, frente ao holocausto. Me irrita aos que, na época, não puderam fazer nada, exceto aceitar com a paciência o caminho do homem branco. Me irrita aceitar com paciência que tratemos outras espécies do mesmo modo, como propriedades e nem se quer conseguimos respeitar a nossa. Me irrita ter que esquecer por uns momentos que há crianças morrendo de doenças erradicadas e fome em lugares distantes, pois preciso me concentrar no trabalho que paga minha internet e celular. Minha paciência me irrita!!

Se nossas insatisfações, nossas revoltas, nosso senso de justiça e noção de certo e errado, ainda são calados e boicotados por uma paciência que serve para nos manter na linha confortável da nossa medíocre existência  material, que venha uma revolta sem paciência da mãe natureza e nos proponha sentir medo, fome, desesperos comuns àqueles que mantemos longe de nossos olhos, distantes de nossa mente. Que venha a força dos oceanos, do vento, a precisão do fogo, a fome da terra para lembrar-nos que somos bichos. E que nossa prioridade deveria ser viver um dia de cada vez, e que só a fome de um deveria estabelecer o limite da liberdade do outro.




sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Falta em mim..

Falta ousadia. Não tecnológica. Humana!
Falta coragem de abrir mão do seu pelo o outro
Falta autoconfiança, porque dinheiro não compra muita coisa
Falta curiosidade em descobrir que coisas são essas...

Falta interesse pelo outro, pelo meio, pelo futuro
Falta consideração para com os filhos, os pais
Falta lembrar que somos animais.

Falta usufruir antes de perder...
Coisas, pessoas, educação, esperança.
Falta faltar no trabalho quando alguém morre
Falta faltar na reunião da empresa pra ir na da escola

Falta dinheiro que compre noção, respeito, empatia
Falta prática na teoria.

Falta Deuses nas igrejas
Falta alimento nas comidas
Falta água na terra
Falta relação nas famílias.
Falta cidadão nas políticas.

Falta faltar pra gente mudar
Falta faltar no prato pra considerar a fome
Falta intolerância para com violência
Falta amor próprio, falta masturbação, falta noção.

Faltam árvores, e faltam sombras
Falta fruta no suco, falta filosofia na cerveja, falta conceito nas palavras
Faltam brincadeiras nas crianças, faltam pais nos responsáveis.

Falta de luz elétrica acaba com o ser humano...


quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Olhar de turista

Escolho uma segunda de sol para passear pela cidade.
Ver SP com olhos de turista, onde tudo encanta e deixa saudade.
Passeei no Metrô até chegar a estação São Bento
Na rua sou recebida com folhas que dançam ao vento

Muitas árvores dão vida à um centro abandonado
Pombas, cães e pessoas dividem o gramado.
No calçadão, em frente à Secretária de Habitação
Um prédio inteiro tomado. Aos cuidados de uma população,
Sem moradia, sem emprego, sem cuidado.

Exercer cidadania não é apenas o lado bonito de uma sociedade doente
É buscar direitos básicos, defendido pela Constituição vigente
Na entrada do prédio, uma faixa escrita a mão convida
Para quem não tiver onde morar, tiver força e vontade de lutar
Que entre, pois o prédio abriga!

Estirados ao sol, colares, brincos e pulseiras de sementes
Elaboradas às mãos de algum morador sorridente
Da rua ou do prédio, alguns me acenam contentes
Diante a cena, percebi engravatados carentes

A diferença em não ter bens é o conceito de liberdade
Se por um lado comprar nos integra na sociedade
Por outro, nos mantém algemados na cidade
Fingindo criticidade, acreditando na autoridade.

Os bens de que não os têm é a troca constante
Vendem, compram, trabalham para viver o instante
Assumem o risco de serem itinerantes

Voltando à estação, meus ouvidos guiam meus olhos ao piano
Mochila no chão, um garoto atropela a pressa paulistana
De olhos fechados em meio a correria, Sinto a ventania deste tempo insano
Um olhar circular me exibe, o que me doeria,
Mas vejo nítido tudo que a vida engana.

A escolha é nossa, diária
Transformar instantes em momentos
Fugir de uma rotina sedentária
Viver em nosso tempo.
















segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O humano branco põe a mão e tira a vida.

Roubamos as terras, os rios. Derrubamos árvores descartando seus valores naqueles lugares.
Invadimos, matamos, estupramos e decidimos os destinos de quem não é humano branco com algum dinheiro.
Decidimos que este papel vale mais do que tudo. Mais do que a sua vida, a minha...
Decidiram por mim que vale tudo por estes papeis. Quanto mais, melhor! Tudo se justifica!

O humano branco inventou papeis! Papeis que os índios não têm para provar que a terra pertence à tribo. Papeis que os índios não tem para comprar quem decida de quem é a terra. De que é a terra???
De quem é o rio??

O humano branco compra vidas daqueles que não podem falar que não querem ser vendidos. Não querem sem mortos em laboratórios. Não querem que suas peles virem moda. Não querem andar de coleiras ou viver em gaiolas. Não querem serem arrancados do ventre que lhe dá a vida em troca de nada. Em troca de cesta básica. Básica pra quem??

O humano branco põe a mão e tira a vida.
A sensação é de dor e de desapropriação. Desapropriando meu coração que utopicamente acredita numa sociedade mais justa, mais empática. Meu cérebro, não.

Não me fará diferença que partido, que homem estará no comando, pois os interesses são os mesmos. As indiferenças são as mesmas.

Choro pelos brasileiros, os filhos da terra, irmãos da fauna, companheiros da flora. Choro pelo desrespeito, pela ganância, pelas mortes causadas em silêncio. Choro pela realidade que nos impuseram onde não podemos compartilhar a dor da vida com que as perde. Choro me fortalecendo para que eu não me adapte nunca ao jogo sujo do humano, adulto com algum dinheiro.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Um dia, no ônibus...

Queria reconhecer mais sementes e árvores do que marcas de produtos e serviços
Queria ter mãos na terra, cultivando meu alimento do que dedos nos teclados frios e imparciais
Queria amar mais as pessoas do que meus livros. Queria mais trabalho do que emprego.
Queria andar mais a pé do que de ônibus. Queria beber mais água do que sódio.
Acordar ouvindo mais pássaros do que máquinas. Saber mais do meu vizinho do que da Carminha...

Queria ler mais do que ver TV. Queria mais terra que asfalto.
Queria que as crianças desejassem mais frutas do que salgadinhos.
Queria ver mais estrelas do que cinza. Queria acordar com a luz do sol, não com o alarme do celular.
Queria mais conversa, menos fone. Mais oceano, menos petróleo. Mais arte, menos fama.
Mais ser, menos humano. Mais deus, menos igreja.

Queria saber mais de flores do que de remédios
Queria saber mais do índios do que do mensalão...
Queria mais abraços e rodas do que curtidas do FaceBook.
Mais Guevara, menos Pixote.
Mais árvore, menos postes.
Mais animais, menos carros.
Mais seiva, menos plástico.

Queria trocar as embalagens pelos pés. Pés de manga, laranja, maças...
Mais Paulo Freire, menos Xuxa.
Mais criança, menos esperança.
Mais cooperação, menos competição.
Mais companhia, menos campanha, .
Mais pássaros, menos prédios.

Vou fazendo, mudando, escolhendo...

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Prefeiúra

A população de São Paulo precisa escolher neste domingo (28) entre dois tipos de interesses para governar a cidade: a política higienista, que vem mostrando serviço nos últimos meses (favelas incendiadas, cracolândia vaporizada) ou a pseudo esquerdista, que um dia citara Marx. Que é como ganhar dinheiro com a imagem de Guevara, né? Capitalismo definindo moral!
Neste briga, as emissoras nos presenteiam com debates entre os candidatos, de um nível inacreditável! Uma briga quase infantil, ilustrada por ofensas medíocres que chegam às "famílias" políticas, seus respectivos partidos. Só faltou ofender às mães! Se eu fosse o mediador nesta briguinha, digna de sala de diretoria infantil, entregaria uma advertência pra cada um e só autorizaria o retorno de ambos com a presença de um responsável. Difícil é encaixar este adjetivo em alguém nesta corja toda!
Enquanto grande parte da população sobrevive entre esgotos e tábuas urbanas, ainda serve de batata quente no jogo hipócrita propostos nos debates televisivos e propagandas eleitorais, que deveriam ser pagas, com largos cachês direcionados à educação e cultura municipal.
As pesquisas vão definindo nossos votos, como as campanhas publicitárias nossos gostos de consumo. Estamos presos nesta sujeira toda, que nos gruda feito graxa e elimina quem tenta se limpar.

É vergonhoso, numa democracia (tão pseudo quanto a esquerda do PT) nos obrigar à escolha do menos pior. Não há quem represente os direitos civis, direito institucionais, de nossa população.
Será que queremos nossas crianças o dia inteiro nas escolas? Será que não faltam pais nesta rotina? O ideal seria que os verdadeiros responsáveis tivessem tempo, condições e dignidade para estar presente e participar de uma das fases mais importantes da vida de uma pessoa. A infância não é respeitada! Não é considerada...
Será que queremos MAIS ambulatórios e escolas? Não temos números suficientes para que exijamos que funcionem!
Será que precisamos de mais remédios? OU o que nos falta é saúde? Precisamos de alimentação de qualidade, de água potável, de uma rotina saudável. Precisamos de mais transportes públicos? Ou uma inteligencia logística seria suficiente? Será que não precisamos de condições para viver onde eu moramos? Que não precisemos atravessar a cidade para ganhar R$ 700,00 por mês. Nos falta educação digna para que os adultos escolham trabalhos, não empregos. Ações que sejam produtivas à sociedade, não que alimentem de forma escassa empregados maquinados. Uma cidade que acolha as crianças com competência e carinho, não mais depósitos infantis. Arte acessível e desmascarada, não elitizada e vulgar.

Não há representantes hoje que atenda às necessidades desta cidade. Ser obrigado a escolher quem vai faturar em cima do suor desta população, de um povo abandonado, que trabalha por osmose, sobrevive e ainda sorri por entrar nos débitos da classe média. Precisamos de atenção, de respeito. Nada disso é dito, citado ou considerado. Nos falta a consciência de não votar em quem não nos representa! Nos falta lembrar que estes caras trabalham pra nós, e não o contrário.


"Um olho na bíblia, outro na pistola"

"Um olho na bíblia, outro na pistola. Encher os corações, encher as praças com meu Guevara e minha coca cola" - Trecho de O Herói, Caetano Veloso.

A violência me assalta com tamanha violência que impede meu salto.
Desfila elegante, com salto alto, pega outro, mãos ao alto, mais um assalto.

A violência tão presente que se faz rotineira, cotidiana... Todo mundo sente, vê, vive, mas fazer o quê?
Índios brasileiros jogando com a legislação e com a vida, o direito ímpeto de manter-se vivos.
Vivos em suas culturas, em suas terras e plantas, em suas tribos e ocas
Cultivando na terra mais vida do que a vida pavimentada das cidades ocas.

O crime da TV bateu na minha porta. E ela abriu!
Sras e Srs. há uma escolha só.
Sras. e Srs. é melhor sem dó!
Soc Pah Bum!!

A novela veio inteira onde sou protagonista de hospitais sem atendimentos, onde as baratas e corpos humanos dividem o chão de um ambulatório imundo sob os risos sem culpa dos enfermeiros. Sou protagonista numa locação barata de delegacia, onde todo mundo cansado demais, transforma a tentativa de homicídio em desinteligência ou briga de família. Meu caso é só mais um. Depois do jornal começa a novela.

Faço parte de um sistema doente, que agride e me amordaça, me permitindo caminhar à passos curtos, amarrados com correntes, trupicando na calçada, me deparando com doentes. Não tenho mais certeza do certo e do errado, se o errado está em todo lugar o tempo todo, e a gente continua seguindo a fase, como preso num jogo de video game, tentando chegar em algum chefão nojento com três vidas, pra que a gente se sinta vitorioso e valente para próxima fase. No fim, o chefão é sempre o mesmo, cada vez mais forte...

30 anos, morando com mãe, sem profissão. Adolescente medíocre, que sofre dores que não são próprias. Vem de fora! Assume as dores do mundo, mas não resolve a si própria. Ah tão cansada das ordens impostas para ser mais uma peça funcional, num sistema que vai mal... Me refaço um pouco por dia, refaço minhas dores e forças para que nada me anestesie.

Humanidade adolescente, que ainda trabalha por dinheiro, sonha com carro chique e come petróleo. Tem medo de crescer e lembrar que não tem tomate o ano todo e o suco não vem pronto na caixinha. Medo da terra. Dorme com o lixo na porta, o medo no alarme, a culpa na blindagem. Nossas crianças nem sabem o que cheetos ou de onde vem o peito do peru... Que diferença faz? Nem os pais...

Palavras já não pesam seus significados, utilizados em jogadas marketeiras e exigidas em entrevistas de emprego. Emprego não é trabalho! Emprego dá dinheiro. Trabalho, dignidade! Faltam trabalhadores numa sociedade adolescente, que ainda em crise compete com imagens e objetos que elevam uma moral que deveria ser composta de empatia e respeito. Adolescência prolongada pela necessidade do ter, pela crise de identidade e pelo que os outros pensam de você. Adolescência tardia, pós infância reprimida que se desenvolve sem se tocar, que cresce sem brincar, que brinca sem sujar.

Humanidades adolescente, que julga, se preocupa com a aparência, enalta e afunda ídolos, e mal definiu quem é e do que gosta. Humanidade onde os hormônios descontrolados são moedas que comandam um corpo promíscuo. Verdades fictícias...
 


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Filtrando e Germinando

Tempestade sem aviso prévio, exceto por uma nuvem pesada porém desacreditada. Nuvem de espelho me exibindo egoísmo desfocado, brumas de incertezas que me impedem de parar.
Caminho assim, sem certeza de chegar.
Sei do que gosto , mas não alcanço atuar. Não com as exigências que almejo, com as palavras que cutucam.
Enxerguei há algum tempo que o que me impede tem a ver com que eu jogo. Não é mais buscar iguais, o que me soa adolescente, quase infantil. Preciso de quem me force a fechar os olhos para o que me forço ver; quem quem me faça ressignificar o meio, quem questione, quem se incomode, quem não se conforme...
Senti um dia dividir esta ansiedade em sala de aula, gerando conflitos revoltados, curiosidades engasgadas e a busca por resposta que mal sei se existem...Embarquei nesta e achei que poderia saciar minha ânsia, compartilhar injurias, construir novidades.
Me encontro por entre profissionais, de novo, sem ambições sociais, exceto por as mãos no próximo salário miserável. Atores e professores se boicotam por pouco, salvo exceções. PRECISO destas exceções.
Preciso de um tempo agora para germinar, eu vou brotar!

deus e a classe média


Na sensação de engolir culpa por ações curiosas, escolhas minhas que não podem carregar a falsa moral da ordem mundial. Moral definida por religiões esquizofrênicas, financiada por fieis apáticos, consumidores de corpos mortos, enfeitados de peles e ossos, portadores de palavras desestruturadas porém rápidas e fálicas como balas perdidas. Estas balas machucam! Mas não me pararão, pois meu caminho é interno. Meu objetivo é tirá-los de mim, impregnados como microcélulas que permeiam este mundo, pairando no ar de geração para geração, e que numa onda cagada compôs meu todo. Se são parte do meu todo, serão de minha matéria e não do que considero integridade. Partirão quando se aproximarem de orifícios que expurgam o que meu corpo rejeita e recebe o que eu aceito.
Eu não aceito ordens e regras vindo de amigo imaginário. Eu não aguento argumentos em nome deus.
Em nome de deus se justifica guerras, mortes, explorações, concentração de riquezas, fome, desequilíbrio social. Pessoas adormecem nas escadarias de catedrais esplendorosas; o Vaticano acumula uma quantidade estúpida de ouro e outros minérios; pastores exibem carros e fazendas entrando no mundo dos negócios. Política e produtos manipulam os gostares, as preferencias... Ninguém entende porque tanta violência? Ninguém entende porque tantas falcatruas e mentiras? Ninguém entende porque tanto trânsito??
Tem muita gente no mundo. Muita gente ocupada em ficar bonita e conseguir um emprego para pagar as prestações dos videogames. Muita gente feliz com a classe média crescendo... crescendo o número de consumidores=devedores do sistema. Compra, deve, o sistema funciona. Classe média é composta por aqueles que nunca vão pagar suas dívidas. Ela é o coração do capitalismo. Devedores e fieis. Consumidores e cristãos.
Cristo deve ter se arrancado da cruz ao ver as riquezas acumuladas em seu nome. Vergonha alheia!
Se Cristo voltasse morreria de fome nas escadas de uma igreja.
Se Datena existisse na época, pediria imagens ao vivo da crucificação enquanto classe média sofreria horrorizada em meio ao jantar processado, pronto pelo microondas.  


   

Pelo R.S.I. de Lacan


Cansada frases prontas e atitudes ocultas devoradas por cotidianos sedentos de mesmice. Saio daqui para entrar em mim.
Cansada de escapismos em culpar o coletivo, o sistema, o papa, os outros... Escape do mundo correndo atrás de você.
Cansada do FaceBook exibindo pessoas perfeitas com desejo de um mundo pacífico e ao sair da vida on line me deparar com gente igual, competindo beleza num mundo violento, devorado pela fome, implodido pela ganância.
Cansada e vomito aqui, antes de dormir.
Cansada de mim hoje e durmo para renovar-me para amanhã!
Amanhã é dia de compartilhamentos, de trocas, de lembrar que o mundo simbólico é estruturado por um real ideológico. Que viver no imaginário, é preciso. Sempre será! É o imaginário que levará ao vento as estruturas hipócritas deste mundo real, o mesmo vento que elevará sua consciência para o mundo simbólico, o que é o verídico dentro de você. Então descubra-o! Desrelacione-o com o que entendeu que não faz parte de você e que é empurrado como essencial. Defina-o!

Aprendi que as fadas mordem... ;)

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A angústia faz parte da vida... como sorrir faz parte do dia, abraçar faz parte da família, perder faz parte do amor.Não é negativo refletir a angústia, ela existe. Ignorá-la seria estupidez.

Não quero tentar entende o motivo do nó, quero que ele aperte, me torça até a última gota.
Que bom que hoje chove, tímido, mas chove.

A morte chegando na minha frente... divido assim o que me esmaga no peito com a força de fora que chega no pássaro. Muitos pássaros na minha vida em um ano. Mais mortes do que vidas. Angústia e morte não deveriam insistir em serem próximas. Chego então ao que preciso escrever: Ressignificação!

Tenho me esforçado em olhar especificidades que me fazem cegas às outras riquezas. Tenho insistido em entender situações e perco momentos. Passo muito tempo escolhendo palavras e perco pensamentos.
É necessário o processo de ressignificação.
Questionar o significado das coisas que são tão importantes.
Questionar as escolhas, as ações, o tempo relativo e tao propenso às questões. Eu nunca me permiti parar de questionar, mas temo ter dado certezas demais à situações que permitem relaxamento.

O pássaro está sobre a terra, num vaso branco. Tirei-o da gaiola para que não vivesse seus últimos momentos numa prisão. O pássaro não viveu numa prisão, fora livre! Mas machucou-se e algo o priva de voar... Comeu, caiu e não voa! Está sobre a terra agora, no vaso, entre plantinhas que parecem alecrins esparramados...

Não escolho palavras e elas desatam meu nó. Estou em processo de ressignificação e mal consigo entender o real conceito desta palavra. Como ressignificar, por entre meus pensamentos estruturados pela mesma base? É difícil permitir novos significados àquilo que consumiu tempo para que fosses uma certeza. Me desapego da certeza, então. Será este o exercício? Nem tenho muita certeza de nada... mal sei qual plano seguir da minha vida. Não quero então, nem ter a certeza de ter algo que me conforte e me permita não ter certeza. Desapego? Escrevo perante a morte... que começa a empurrar, como se de dentro pra fora... A respiração parece ter pressa para que passe por todo o corpo.. que não me parece ceder.

O corpo nunca cede! Mesmo que insistamos, ele não cede.

Passo tempo demais contando o que me parece importante, o que me propuseram a jogar e perco o urso dançando...
Entra Edith Piaf... entra em meu espaço, em minhas entranhas convidadas pelos ouvidos. Que possas me elevar ao espaço novo de ressignificações!

Meu tempo nos convida a sermos perdidos em nossas vidas! Acatamos ao que nos cala as respostas ou insistimos em busca-las por entre palavras perdidas e reações assustadas.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

P.a.l.a.v.r.a.s e conCeitos

De cara com o imediatismo, a ansiedade atropela a consideração por um passado construtivo. Das palavras que embasaram conceitos, ficam letras soltas, porém já significativas, com raízes fortes que transformam, mas não a partir da troca agora. Se faz necessário o retorno, para reestruturação das palavras e a troca acontece no conceito. Não falamos das mesmas coisas, mesmo quando usamos as mesmas palavras... Somos formados por contextos diferentes, que (re)interpretam o significado das coisas, das palavras, das pessoas.
Me enfraquece quando meus conceitos me parecem supervalorizados ou atropelados. Tento compreender o que acontece no processo do outro à me sentir ofendida... é tão difícil. É difícil acreditar que precisamos nos focar em nós mesmos, tentando conhecer e entender o que não conseguimos ser, e no convívio, na sociedade, tentar acreditar que não há maldade nas ações das pessoas, e buscar no contexto uma verdade dela que fora motivador para tal ação. É constante a entrada e saída de você mesmo na tentativa de viver bem em todos os sentidos, viver bem em sociedade.

A construção de frases, a escolha das palavras podem ser escolhidas, brincadas... E cada um brinca como quer, como pode, como entende. Até que joguemos o mesmo jogo, é necessário compartilhar regras e definir qual será caminho... Não dá tempo se ninguém parar de jogar um pouquinho...





sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Não nascemos prontos, mas durante a vida se aprontam para que?

A desigualdade gerada pela ganância humana, numa visão global, me espanta.
O grito que mais me rasga me movimenta ao entendimento, inserção e na luta por retomada de valores, recuperação de qualquer coisa empática que possa existir no ser humano. Porque existe, eu sei que existe. Já vi, senti, presenciei, emocionei... fortaleceu!

Me emociono com pessoas que se dedicam às mudanças, ao outro, pelo direito que cada um tem de se fazer sujeito íntegro de sua própria história. E sigo na luta de me fazer inteira para poder contribuir com a integridade do outro. Vivemos em sociedade, devemos fazer isso. Aos que me estendem às mãos, me dirigem palavras construtivas, como numa cobrança oculta, me faz agir assim com àqueles que ao meu lado se manifestam. É a troca, é o compartilhar, é o crescer juntos pois vivemos juntos.

Quando a ética falta tão perto, logo aqui ao lado meu espanto é maior. Me enfraquece enxergar que o outro não tem mais qualquer significado, e o sentimento de que podemos melhorar é pisoteado por pessoas que optaram por profissões que deveriam auxiliar o desenvolvimento e a transformação humana, mas que são invadidas por sentimentos de indiferença e irresponsabilidade pelos próprios atos.

Me enfraquece ver nas ações do outro, a pobreza de alma e de intelecto protegidas por embalagens bonitas e rótulos escolhidos. Me enlouquece saber que ética, moral e qualquer coisa do gênero não pertence ao vocabulário, ao dia a dia de pessoas que assumem grandes responsabilidades sociais.

Penso em autonomia! Quão longe estamos da realidade em que cada individuo passa a ser sujeito, e é guiado pela própria consciência. Não por deus, leis, pais ou professores... Até porque estes já se mostram tão conflituosos com tais valores, que precisam de direcionamentos para saber como educar. Até deus mesmo, com inúmeros representantes em casa diferentes mas igualmente luxuosas definindo valores de cidadãos comuns. Cidadãos presos numa rotina massacrante, sobreviventes de suas faltas de escolhas e posturas, produtores de matérias supérfluas e de mais gente maquinárias. Cidadãos que escolhem suas profissões, trabalhos que exercerão para a sociedade em que vive por longos anos, com base no valor que lhe pagarão ao mês.

Quanto vale sua vida em prestações? Quanto vale sua omissão perante crianças e jovens que tomarão a direção em seu lugar? Quanto vale os dias em que se vive pro outro, pelo dinheiro que destroça a vida daqueles que você não vê? A responsabilidade de ser alguém nesta sociedade é tão grande que se escolhe ser ninguém, ser nada... mas com status refletido em carros, cargos e marcas.

Não nascemos prontos, mas durante a vida, se aprontam para que? Tento me preencher com valores tão escassos que questiono o que, como e porque me meti nesta!

terça-feira, 24 de julho de 2012

Este jogo começado perdeu a graça!

Eu não tenho vontade de mudar o mundo. Esta ambição é ilusória, fantasiosa!
Eu tenho vontade de fazer com que as pessoas percebam que elas podem mudar seus próprios mundos.

Não quero impor a minha verdade, forçar aos outros o que faz bem pra mim.
Quero poder mostrar que há escolhas e que conhecer o que se gosta é mais difícil do que parece. Requer um reencontro com você mesmo neste mundo de embalagens.

Não quero ensinar o que é certo ou errado, não tenho tal competência
Quero que os jovens não percam a ousadia de errar, ainda comum quando criança.
Torço para que não percam a sensação de ser ridículo, de cair, de fazer rir... Que não se afastem deste combustível.

Não tenho competência ou poder para quebrar um sistema que acredito não funcionar
Mas como a crença é minha, farei o possível para não depender dele, ou me armar suficientemente contra ele. Sem exércitos por perto, torço para que um cada perceba o exercito que possui em si. E nada disso é pago neste sistema... a retribuição é em outro nível!

Emano para que as pessoas percebam que o Poder não está na Posse, no Ter.
O Poder real está nas escolhas, nos olhares, nas atitudes
Que o Poder é nosso todos os dias e não damos a minima quando repetimos os mesmos passos todos os dias. Nós jogamos nossos poderes fora todos os dias, e deitamos pedindo por ele todas as noites.

Não posso viver sem dinheiro e não posso contra ele
Mas aprendi que a realização pessoal, o trabalho pelo todo e a compreensão de que milagres acontecem a todos os instantes, de algum forma, aproxima esta ferramenta para que possamos continuar.

Quando aprendemos que temos nosso lugar no mundo, e que este deve ser cultivado, não precisamos mais concorrer com ninguém, por nada.

Penso agora na imensidão deste mundo, seus oceanos cheios de vida, suas florestas cheias de mistério e me percebo limitada frente ao computador, sentada em casa. Você não se pergunta onde poderia estar agora? E pergunte-se em seguida, por que não?

Que sejamos fortes para não nos escondermos nos argumentos impostos, de mentira que inventaram pra gente, desde pequeno. É tanta gente jogando o mesmo jogo que ele me parece sério demais... E não é!

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Anuncie aqui

(leia sorrindo. Você pode estar sendo observado)

Trocamos árvores por postes
Trocamos nuvens brancas por cinzas, pretas muito mais densas e com odores
Trocamos gente por máquinas, que trabalham em silêncio. Não pedem, não param, não comem.

Trocamos o azul do mar por longas manchas cinzas, pretas e materiais mais palpáveis
Trocamos terra por asfalto
Trocamos animais por embalagens
Trocamos valores (aqueles, morais) por matéria.

Transformamos qualquer coisa em comida!
Trocamos o sol por luz privada, só sua!! Branca, amarela, neon...
Trocamos mato por prédios.

Trocamos o tato, o olhar por uma quantidade considerável de petróleo transformado que vai te fazer ser quem você quiser, pra quem você quiser, em relações frias, sem dor, distantes mas tão reais... que todo mundo vai acreditar.

Transformamos sua preocupação com o outro em momentos gostosos e esquecíveis em mesas de bar
Transformamos suas crianças em seres baratos, produtivos e reprodutivos.
Transformamos o silêncio em sons fortes e diversificados.
Transformamos órgãos em tumores
Transformamos animais em brinquedos
Entretenimento em violência
Religião em guerra
Política em entretenimento, todos os dias, em sua casa.
Sentimentos por frases prontas
Relacionamentos por status sociais.
Alimentos por pílulas!
Trabalho por emprego!!
Dor por indiferença.

Pare de sofrer! Renda-se ao encantos transformadores do capitalismo moderno!
Entre em contato com SUA VIDA S/A e saiba mais!!


e amanhã...

Eu não aguento mais ver dor
Não aguento mais ver desamor
Não aguento mais a indiferença e o medo de se comprometer com a própria vida.

Não aguento mais o conformismo
Não aguento mais o egoísmo
Não aguento mais a matéria ser mais importante que a essência.

Não aguento mais guerra de egos
Não aguento mais moda de eco
Quando nosso senso deveria ser ao menos, a preservação da espécie.

Correm atrás dos próprios rabos, preservando seu volume e brilho a se destacar na multidão
Quanto mais ralé e curto o do outro, mas abanam sem noção.
Sem objetivos sentidos, não se sabe mais o que quer ou o que gosta
Frente a tantas opções ocas, desejos fictícios e necessidades inventadas e acatadas.

Objetivos sem sentido quando estabelecemos qual o valor da parcela que nos compra a vida.
E vendemos a longas prestações, para um dia, já sem vida, usar o que não terá mais importância.

Atropelamos vidas ou pagamos para usufrui-las.
A minha vida sem preço, teme um futuro sem valor.

Tudo me parece tão longe de ser justo...

sábado, 30 de junho de 2012

muita coisa, pouca organização...

Até o silêncio tem me soado passivo.
As cenas que a vida me mostra não são dignas desta trava. Eles devem ser digeridas públicamente, pois se a própria existencia não mais se faz vista, minha indignação a fará notória.
Minha solidão improdutiva está constante e momentos indigestos também...

Não, não se coloca uma criança de quase um ano, sentada numa carroça sob o sol do meio dia, ao lado do corpo da mãe dormente, enquanto o pai procura por alumínio, ferro, papelão na tentativa de comercializar o que a sociedade descarta. Espera... eles não são parte da sociedade? Não formam o tal coletivo? A natureza da criança vai aceitar seu mundo como motivações e incentivos de vida, de processo de crescimento, de valores...

Vivo num mundo onde tudo que é usado, consumido, descartado é para uso exclusivo, personificado, egoísta. Sou de uma espécie que luta por si mesmo, com a consciência de que para suas conquistas é necessário mudar todo o externo e assim se segue. Os resultados justificam os meios, as mortes, a fome... é necessário esforço para o progresso. Progresso econômico...

A vida age, faz e mostra sem te perguntar se você está pronto. Você se faz pronto na necessidade...

quinta-feira, 24 de maio de 2012

O muro é invisível...

Nada faz sentido quando sentamos em cima do muro
Do lado de lá, coisas que machucam, magoam, desesperam
Do lado de cá, o conhecimento, o conforto, o esquecimento.

Volto pro muro. Quero pular, tentar fazer alguma coisa...
Compartilhar a paz ou amenizar a dor, compartilhar do sofrimento e amenizar o amor
Não fico, pois meu espaço é outro
Me ralo, mas subo e me devolvo.

Acordo cedo. Escrevo, mobilizo, não consumo
Acredito que tais ações reflitam por de trás do muro.
Espio quieta o grito que não sai, a lágrima que não se forma
Engulo seco a angústia da impotência hipócrita que me transforma

Seguro o desespero em choro que se chama desabafo
Até o dia que o vômito não mais justificará o que eu faço
O rir pra não chorar me causa medo
E já riu sozinha, com o pé no desespero.

E se pulo o muro? Pulo e fico lá!
Vou avistar outros olhos quando a fome chegar
Secreções vacinadas contra sujeira, violência...
E som da TV pra se calar.

Ninguém mais ao muro... A TV mostra o mundo
Ninguém mais à frente de uma dor sem culpa
Frente às desgraças e tolerância que não muda
Não se fecha mais os olhos, se pula corpos.

Já está tudo abarrotado. Seres vivos por todos os lados
Uns pulam e se perdem, outros tentam e são mortos
Quem senta sobre o muro nem é mais observado
Já tentam levantar seus próprios tetos tortos

Já penso que este muro tá na hora de cair
Vou sozinha e faço força sem medo de insistir
O discurso que soa defende os tetos tortos
Que dependem do muro para não serem mortos.

 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Temo assustar o amor, de tanto medo que tenho dele...

Não é a dor do erro que me machuca
À ele eu me permito, me transformo, me moldo...
O que amargura é o feio que habita, que tem raiz
Que só se percebe quando os espinhos crescem, fortes e sadios

Quando a defesa te protege do que é belo e seu
Quando a arma aponta de volta, do mesmo jeito, assim sem querer...
Quando você não é pro outro, o todo que o outro é pra você
Quando sua falta é ausência...

Dói quando seu natural não é seu discurso ideal
Dói quando as desculpas não servem, não resolvem
Dói quando o que dói no outro vem de ti como o ar

Temo assustar o amor, de tanto medo que tenho dele...


quarta-feira, 11 de abril de 2012

O segredo gritante das escolas
Todo mundo vê mas ninguém ouve

Estudantes detestam a situação
Grades, muros, ditadores garantem opressão
Geração passiva ganha força em multidão
Exercito na rua cumprindo a obrigação

Geração de cores e cara pintada
Protestos armados, situação manipulada
A liberdade de expressão não exige luta armada
A construção começa, todos com a TV ligada

Geração multimídia, global, tecnológica
Agora pode tudo, tem até arma biológica
Crianças, brinquedos, funk e vodka
Cada um atrás do seu, eis a nova lógica

Geração futura, fome e guerra é consequência
Explorar mais, produzir, vender, tudo na sequencia
Tentar a paz no mundo todo, pura inconsequência!

Vou parar por aqui, já bem perto da demência!
Sinto dores que não são minhas
Mas me faz querer que acabe!
Choro lágrimas alheias
E não há o que me cale!

É impossível enxergar a realidade e fingir que tudo vai bem
Garantir meu carro, emprego, conforto
Acreditando que a culpa é de ninguém.
Comemos de frente ao corpo morto
Desdenhando a violência e fingindo ser alguém.

Nos é exigido incoerente esforço
Para destaques, prêmios e diferencial
Mas quando na garganta nos chega o caroço
Não mudamos o mundo, mas nos isentamos do mal.

Nosso consumo paga, nosso silêncio contribui
A projeção alivia o dia mas não apaga a luz
A rotina devora enquanto o sangue flui
Que nosso destino chegue e a natureza faça jus.

Conflita-se, valores materiais
Escolhas matinais
Estupros morais
Culturas anais
Não precisamos de mais!

Estima-se por novos olhares
Benção dos mares
Simples gostares
Sempre mais pares!

segunda-feira, 9 de abril de 2012

A mente não mente

Ás vezes permito minha mente de fugir
A fuga nem sempre mente, traz ilusão...
É descanso, afastamento, desconstrução
É a pausa num tempo que não nos deixa sentir

Quando o afeto afeta
Quando a inclusão exclui
Quando o húmus umidece demais
                          e afoga a humildade

Quando submerso, só se faz olhar pro alto
É a luz, é o ar, é a imensidão prometida..
O que parece tão distante...
Muitos chamam de deus!

Se submerso, nada!
Porque a água te exprime, te exige, te provoca, te causa...
A luz do alto... nada!
O ar tá longe, a luz desfoca.

 (...)

segunda-feira, 12 de março de 2012

Perde-se criança

Perde-se criança.
Perde-se criança para a pressa da vida.
Perde-se a lucidez quando o lúdico custa caro...
Perde-se criança quando a demanda prioriza,
Perde-se vidas quando o produto se torna raro.
Perde-se criança quando a violência completa a infância.

Infância infame! De embalagem colorida e conteúdo ausente
Tão novo no mundo mas na escola presente! Funciona infância falida...
Não há tempo para bolas, cordas e cores;
Amadurece-se com sexo, produtos e dores.

Infância infâame em instituições das 08h as 18h
Frações e frases entre a violência do coito
A família refletida após a novela das 20h.

Alfabeta cedo, pois o mundo muda
Primeira infância, violência muda!
Não corre, não chora, não suja, não pergunta.
Olha pra frente, absorve, aceita e estuda! Insere-se!
Estuda e se forma! Insere-se!
Emprego, carreira, Insere-se!
Carro e família constitua!
Insinere-se!!

Perde-se criança entre empregos e noitadas;
Perde-se criança para a TV ligada...
Perde-se criança se ela não abre seu presente,
Assassina-se a infância se seu momento for ausente.
Perde-se criança em escolas, ruas e certezas,
Perde-se sonhos quando a violência está na mesa

Perde-se pessoas, profissionais, professores...
Formam-se gerações frias, inexpressivas, sem amores...

Perde-se a criatividade para idealizar a liberdade!
Perde-se partido...
Parte-se perdido!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

mais ou menos isso...

Desarme seus sorriso e suas verdades
Ausente teu corpo da preguiça dominante
Desapegue da matéria e da vaidade
Perceba-te responsável por tudo, a todo instante

Não é o governo quem vai mudar
Não é o homem quem vai inventar
Não é a ciência quem vai apontar
Não é Deus quem vai te guiar

A única certeza que nos deve palpitar
É o sentimento de felicidade interna
E não a encontraremos plenamente
Enquanto houver fome, ganância e guerra

O único caminho que nos cabe buscar
É o da sensação de liberdade eterna
Enfrentar as consequências é o que nos faz mudar
A crença de que a mudança necessária é externa

Tudo vem de dentro pra fora
É você quem pede, o universo devolve
O que vem de fora pra dentro
É necessário filtrar, nem tudo se absorve

Limpar a sujeira, começa nos pensamentos

Perceba o mau que causas ao próximo
Antes de lamentar as injustiças do mundo
Mudar as maneiras, começa nos julgamentos

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Onde atuo? Pra quem? Como?

Talvez não seja minha hora de sentir, se jogar, de apostar
Talvez não seja minha hora de permitir, de conhecer, de arriscar
Talvez não seja minha hora de descobrir sozinha, deixar transbordar

As ondas que me inquietam; as possibilidades de ser todas que habitam em mim. Talvez devesse estar preparando a mim e ao em torno. Preparar-me fisicamente, pois meu interno é um constante sentir. Absorvo o que não é meu e o torno orgânico, e tomo pra mim, trago ao meu domínio. E domino!

Qual será, e se haverá o momento? ...

Talvez não seja no tearo
Talvez não seja em aula
Talvez não seja no cinema,
                                           na dança,
                                                           na carreira
que eu não tenho. Vem pra vida que mantenho.
Sinto a dor, sinto o medo, sinto o êxtase, sinto o pulsar o tempo todo.  Da ânsia de viver e no desejo de morrer. No sublime superar, no suave desistir. É tudo tão vivo, tão meu.... Me falta palco,
                                                                                                                 Me falta direcionamento,
                                                                                                                 Me falta a loucura de não permitir que o externo me limite. Onde é possível se não tenho no teatro
                                                                       no ensaio, na experiência, nos olhos fechados, no cair no chão
Palpita a dor, o riso. Palpita a solidão, as festas, as drogas, a saúde, o sexo, a frigidez e o desejo contido, preso. Palpitam os desejos imundos, o peso, a moral. Palpita a projeção de que nada é meu. Palpitam as vidas...
O corpo incha, não suporta mais.
              A imagem turva, gira, a mão dói, o barulho atormenta.
              O cabelo, o corte, o ânus, o nariz, a cervical, o dedão do pé, o ...
Relaxamento, o êxtase, o orgasmo mental.

O ar entra passeia e sai.
                                     Eu vivo constantemente a mudança e disfarço para não ultrapassar os limites das expectativas alheias. Eu sinto muito, vivo aos poucos. Para que a mudança não seja um choque . Se torne uma reflexão.
Tudo que me calo, me palpita. Nem sempre sai bonito! MAS SAI! Pra mim,
                                                                                                                      de mim,
                                                                                                                                    em mim       VOLTA!

É constante, é o ar, é o respirar. Só não faço barulho, porque
talvez não seja minha hora....

Considerações sobre a prática do Ator - III

O Ator deve ter a disponibilidade, a oportunidade, a coragem e o desprendimento de se jogar no seu próprio buraco negro, e o diretor é quem deve trazê-lo de volta quando necessário.
O Ator que interrompe ou nunca se quer se permite tal mergulho, não exerce com honestidade e lealdade a profissão escolhida. É como boicotar as próprias escolhas... beira o suicídio!
Não há espaço para o ator que mergulha, não aqui, neste mercado. Não sei no mundo, mas vejo onde atuo, sei do que sinto e o que me palpita. A profissão exercida aqui é como um biólogo que, por amor à vida, justifica o "sacrifício" de milhares de vidas. Se mata por amar, para amar. O Ator aqui se suicida em cada trabalho vendido, por cada godo cachê pagos por grandes dominadores, que retêm a veracidade do nosso trabalho.
O Ator não deve  viver para o externo, deve-se permitir estar sempre presente consigo mesmo. O Ator deve enfrentar suas sujeiras, sua falta de caráter, sua inveja, seu odor, sua secreção, seu ódio. O Ator deve dominar, racionalmente, seu amor, seu tesão, sua compaixão, suas amizades, sua fé.
Pois é a única  profissão cujas ferramentas de trabalho não são palpáveis, não são definidas e só são compreendidas quando compartilhadas.
Compartilhar não faz o outro sentir o que você sente. Isso é sempre individual, particular... Compartilhar é troca de referencias para que a busca se amplie, e ela não cessa nunca.

Considerações sobre a prática do Ator - II

Começando pela semiótica, vou definir, para não perder a linha de raciocínio, a minha ideia, a minha interpretação de ATOR.

O atual começa saindo de fora, voltando pra dentro.
Demora para entender que suas certezas são relevantes e insignificantes quanto a de cada ser humano deste mesmo mundo. Que dirá se considerarmos cada ser vivo...
Desmontar a personalidade,a persona que se demora tanto a descobrir, que nos é tão cobrada desde a escolinha...
                 Desconstruir nossas verdades, desconfiar de nosso deus, desmascarar nossos pais, desconstituir nossos gostos...
   Desafiar nossas seguranças, imundar nossos senso de estética. Enxergar, aceitar, não mudar, não criticar, não opinar, não achar...
Jogar no chão todas as ferramentas e nossas bases de comparação.
Desarmar medos, certezas, fé... Se despir da roupa, da moral
Se permitir, não se importar com nada EXCETO entender e dominar o que REALMENTE se sente.
A viagem pra dentro é complexa e infinita! E dominar a trilha pra fora é o desafio.
Quando se jogar, sem que precisemos pensar na volta? Eis o papel do diretor!

Considerações sobre a prática do Ator - I

A prática do ator não deve ser rotineira.
Exceto pelo hábito da leitura e exercícios físicos, a fim de manter as ferramentas sempre renovadas, o ator não deve se entregar a uma rotina repetitiva, que conforte atividades repetitivas, tornando ações e reações mecânicas.
O ator deve procurar atividades novas, que esforce o corpo e a mente, que os empurre ao novo, ao desconhecido. Fazer com que a comunicação entre o interno e o externo seja uma conversa constante e desafiadora. Assim, o ator estará sempre disponível ao novo, desfavorecendo o medo em se arriscar, provocando e permitindo a reação natural ao novo. O ator deve buscar o desconforto constante, dúvidas inacabadas.Respostas geram outras dúvidas, e este ciclo é eterno.
A beleza nas dificuldades da profissão no Brasil, está também em obrigar o ator a procurar novas oportunidades para pagar as contas... Meses trabalhando em bar, bicos em escritórios, baba, animadores recreacionistas, office boy...
O mundo é repleto de laboratórios, prioridades, verdades e falta de escolhas permeiam a vida de todas, assim como das personagens, mas NUNCA na vida do ator.    

sábado, 21 de janeiro de 2012

Ordem pra qual progresso?

E viram no Ipiranga, às ruas largas
Um povo explorado e pedante
Assistem a rede globo e seus múltiplos
Os seus programas sujos e irritantes

Qual o preço, da igualdade?
Não sabemos onde ir, mas vamos fortes
A ilusão, da liberdade
Desafia a nossa fé, nos leva a morte

Ó Pátria rica,
Assassinada,
Salve, Salve!

Brasil um sonho triste, roubo lícito
Com novela e BBB o povo desce
Desvio, morte, fome viram ímpeto
Na nossa imprensa suja que enaltece

Empresas que destroem a natureza
Deixando nossos índios pele e osso
E teu futuro espelha esta tristeza

Terra explorada
Entre outras mil
És tu Brasil
Terra comprada

Os filhos deste solo
A fé pariu
Pátria cega,
Brasil!

Sentado eternamente aos domingos
O ibope ilustra o tom do jogo imundo
Empresas vêm do norte da América
A fim de explorar um novo mundo

À sua terra, já corrompida
Traz emprego, exploração e bem mais dores
Nossos homens, têm mais vida
Nossas vidas no teu bolso mais horrores

Ó Pátria rica,
Assassinada,
Salve, Salve!

Brasil, de amor eterno mude o símbolo
De um luxo que ostentas no estrelato
E diga ao verde escasso desta flâmula
Paz no futuro, insanos no passado

Mas se acatas a ganância, gera morte
Verás os filhos teus só na labuta
Uns protegendo índios, outros porte

Terra explorada
Entre outras mil
És tu Brasil
Terra comprada

Os filhos deste solo
A fé pariu
Pátria cega,
Brasil!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Conforto Incômodo

To aqui, assistindo Gandhi neste dia de chuva... E me perguntando se temos a mesma coragem perante nosso senso de justiça que tiveram os indianos e os africanos motivados por Mahatma... Temos a indignação, temos reclamações, temos mortos, temos fome... Será que haveria uma motivação maior para que quebrássemos nossos cartões de crédito, encerrássemos nossas contas, queimasse nossas carteiras de trabalho a fim de provar que não concordamos com o sistema que nos rege?? Ou a maioria dos meus "amigos" estão satisfeitos? Pois trabalham em multinacionais, ganham salários satisfatórios para uma vida social estável, conseguiram comprar seus próprios carros!!!
No fundo, acho que é fato que só queremos mudar de lugar...
Hoje me pergunto qual o luxo que me conforta a tal ponto, de me fazer confortável perante as injustiças cotidianas, tão e tão perto... Quais os prazeres que me fecham os olhos perante o desconforto do outro. O que me faz agir como se os problemas não fossem meus...

Parada frente a mim mesma, percebo minhas ações no limite do que me é permitido, limite imposto em um contexto que me enoja!!
Talvez eu precise respeitar meu tempo, mas saber que este tempo é a falta de tempo de muitos me deixa numa jaula psicológica.
Só pretendo fazer as coisas bem feitas. Na hora certa. No contexto escolhido pelo meu coração, pois haverá o dia em que este me sufocará mais do que as tranqueiras que me confortam.