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Ensaio Reticom

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segunda-feira, 17 de novembro de 2014

no meu tempo...

Sou do tempo em que...
liberdade não era conceito político.
Era sabedoria popular.
Família não era feita de tradição,
e seu desafio não era aceitar.
O amor vinha antes, e
só se chamava de família,
quando se conseguia aconchegar.
Sou do tempo em que...
o futuro não tomava lugar.
Se vivia o presente como um presentear.
Não se pensava em Estado,
Regras de governar.
Não tinha muros, grades ou cercas,
pois tínhamos todos a terra como lar.
Sou do tempo em que...
as crianças passavam a manhã no pomar.
Trepando em árvores, colhendo frutos,
Enquanto todo mundo adulto
Preparava o vinho pro jantar.
A força de trabalho não era forçada,
era o prazer de colher o que plantar,
de compartilhar vivências, de ter o que trocar.
Sou do tempo em que o tempo não tinha importância.
O sono vinha à noite, a chuva aproximava, o sexo celebrava!
Não havia militância, extravagância nem ganância.
Arte, plantas e sonhos era, entre tudo, o que mais brotava.
Nada dividia, separava... as diferenças eram o que apaixonava.
Num lugar ainda perdido, de sonos não dormidos, de desejos reprimidos
Desenvolvem estruturas do que ainda hoje se entende loucura.

sábado, 8 de novembro de 2014

Transição

Descobri, no afastamento, um mundo barulho.
Reclamações, sirenes, xingamentos...
Ninguém me parece feliz dentro do embrulho.
Me afastei, numa avaliação de mim, no todo, no mundo.

Não empreguei minha força de trabalho.
Mesmo não vendo a fuga como atalho.
Esperei meu instante inteira,
Para voltar e negar a prateleira.

Corri na chuva, depois da morte
Me senti molhada, em competição
Como o que antecede o embrião
Em busca do útero, esperando o corte.

Foi só uma sensação...
Entre minha vida e uma morte
Resumindo a toda pressão

Do que buscamos ter suporte. 

Bambas estruturas cálidas
Impulsivas, respeitosas...
Frágeis momentos sólidos
Decisivos, prazerosos...