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Ensaio Reticom

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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Olhar de turista

Escolho uma segunda de sol para passear pela cidade.
Ver SP com olhos de turista, onde tudo encanta e deixa saudade.
Passeei no Metrô até chegar a estação São Bento
Na rua sou recebida com folhas que dançam ao vento

Muitas árvores dão vida à um centro abandonado
Pombas, cães e pessoas dividem o gramado.
No calçadão, em frente à Secretária de Habitação
Um prédio inteiro tomado. Aos cuidados de uma população,
Sem moradia, sem emprego, sem cuidado.

Exercer cidadania não é apenas o lado bonito de uma sociedade doente
É buscar direitos básicos, defendido pela Constituição vigente
Na entrada do prédio, uma faixa escrita a mão convida
Para quem não tiver onde morar, tiver força e vontade de lutar
Que entre, pois o prédio abriga!

Estirados ao sol, colares, brincos e pulseiras de sementes
Elaboradas às mãos de algum morador sorridente
Da rua ou do prédio, alguns me acenam contentes
Diante a cena, percebi engravatados carentes

A diferença em não ter bens é o conceito de liberdade
Se por um lado comprar nos integra na sociedade
Por outro, nos mantém algemados na cidade
Fingindo criticidade, acreditando na autoridade.

Os bens de que não os têm é a troca constante
Vendem, compram, trabalham para viver o instante
Assumem o risco de serem itinerantes

Voltando à estação, meus ouvidos guiam meus olhos ao piano
Mochila no chão, um garoto atropela a pressa paulistana
De olhos fechados em meio a correria, Sinto a ventania deste tempo insano
Um olhar circular me exibe, o que me doeria,
Mas vejo nítido tudo que a vida engana.

A escolha é nossa, diária
Transformar instantes em momentos
Fugir de uma rotina sedentária
Viver em nosso tempo.
















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