Não há nada como a possibilidade de se acessar. Vasculhar no cérebro e no coração pesos e culpas, sonhos e lutas, risos e choros que me trouxeram e me fazem o que sou, onde estou.
A delícia em abrir o presente e lembrar que são frutos que plantei no passado. Tem exatamente o gosto que semeei. Reencontrar momentos...
A certeza de que minha verdade não é loucura, estrutura meus próximos passos para objetivos que deixarão de ser sonhos. Alimenta a confiança em algo maior que só cabe na infinitude da vida daqueles que aprendem a viver na eterna e diária batalha de negar a ficção física e os papeis que geram mortes. Papeis que geram mortes, que surgem a partir de árvores que simbolizam a vida. Que crescem pra cima, desafiando a gravidade. Que se alimentam da terra permitindo seus galhos que sonhem com céu. Buscam as nuvens carregando folhas, frutos e aves, mantendo-se firme frente ao tempo que não anseia.
Que delícia poder sentir o tempo passar por entre os poros e os pensamentos.
Que delícia permitir meu corpo de suar ao som do batuque baiano, dobrar os dedos dos pés sobre a terra e sentir as gotas que escorrem na franja que me cega. De olhos fechados, a música troca com a água que produzo. Uma entra, enquanto a outra sai.
Que delícia sentir a força das minhas pernas concentradas nos movimentos sem nexo que dialoga com a ruptura do silêncio. O silêncio que habitava em mim. O silêncio acumulado de palavras que não saiam e expulsei pela exaustão física.
Não escrever me entope. A ausência das palavras
e suas junções que consigam expressar o que me invade, de dentro pra fora ou ao
contrário, me entope de vazio o que ameaça explodir a qualquer momento. Por isso danço! Vazam
palavras sem nexo, frases sem coerência... se explodir, não terei mais controle
do que sai. Eis, mais uma vez, beirando minha estrada, a beleza da loucura. Por isso, danço! Onde a verdade que vaza não mais precisa fazer sentido àqueles que se esforçam
a adaptação inquestionável da vida aqui.
Busco o equilíbrio de ser o que me transformo sem afetar os que me
cercam... não acho um equilíbrio sadio, pois muito do que vaga sem resposta em
mim, busca uma saída rápida e segura para que o outro não questione, o que
deveria, mas não sei, responder. Por que deveria??
Tentar entender tudo que se sente é utópico. Por isso, eu danço!
Nao da pra acreditar em uma ideia oriunda apenas da mente. Deixei de acreditar no homem dividido em dois quando o meu coraçao arcou com as as responsabilidades criadas pelo meu pênis. Hoje sei, a duras penas, que o corpo inteiro precisa participar da festa chamada VIDA. C'est la vie
ResponderExcluirÉ um desafio diário manter-se inteiro na única responsabilidade de nos fazer feliz! E é este desafio que me faz continuar! Sou uma, sou inteira e sinto que faço parte de um todo infinito e sagrado. Obrigada por ler!
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