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Ensaio Reticom

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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Considerações sobre a prática do Ator - III

O Ator deve ter a disponibilidade, a oportunidade, a coragem e o desprendimento de se jogar no seu próprio buraco negro, e o diretor é quem deve trazê-lo de volta quando necessário.
O Ator que interrompe ou nunca se quer se permite tal mergulho, não exerce com honestidade e lealdade a profissão escolhida. É como boicotar as próprias escolhas... beira o suicídio!
Não há espaço para o ator que mergulha, não aqui, neste mercado. Não sei no mundo, mas vejo onde atuo, sei do que sinto e o que me palpita. A profissão exercida aqui é como um biólogo que, por amor à vida, justifica o "sacrifício" de milhares de vidas. Se mata por amar, para amar. O Ator aqui se suicida em cada trabalho vendido, por cada godo cachê pagos por grandes dominadores, que retêm a veracidade do nosso trabalho.
O Ator não deve  viver para o externo, deve-se permitir estar sempre presente consigo mesmo. O Ator deve enfrentar suas sujeiras, sua falta de caráter, sua inveja, seu odor, sua secreção, seu ódio. O Ator deve dominar, racionalmente, seu amor, seu tesão, sua compaixão, suas amizades, sua fé.
Pois é a única  profissão cujas ferramentas de trabalho não são palpáveis, não são definidas e só são compreendidas quando compartilhadas.
Compartilhar não faz o outro sentir o que você sente. Isso é sempre individual, particular... Compartilhar é troca de referencias para que a busca se amplie, e ela não cessa nunca.

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