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Ensaio Reticom

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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Acordei gorda!

Sabe quando a gente cede para as futilidades?
Acordei depressiva em pôr qualquer roupa para sair na rua. Acordei de mal com o espelho, lamentando minha barriga, minha bunda, minhas pernas...

A estupidez deste padrão de beleza é tão grande quanto sua força.
Permitimos olhar-nos e lamentar nosso corpo, quando deveríamos ter gratidão, por termos plena capacidade física e mental, para realizarmos tudo aquilo que realizamos no dia a dia.

Vejo crianças tão pequenas sofrendo por não atenderem um padrão imposto de beleza.
Por não serem magras, loiras, altas... Meninas de 15, 16 anos que sonham em fazer plásticas para alterar seu corpo, pois não são perfeitos. (??)
O imediatismo exige rótulos bonitos para que sejamos bem aceitos.
Falta-nos criar tempo para criarmos pessoas dentro destes rótulos.

Como a roupa que visto ou o tamanho da minha barriga pode incomodar ou impactar mais do que aquilo que falo ou faço?
As pessoas vêem mais fotos no facebook do que leem os blogs!
Nós construímos este valor e nos prendemos à ele, nos engrunhando num nó de depressão, solidão e  insatisfação. E deixamos que nossos pesos nos importem mais do que situações sociais inaceitáveis.

Nos limitamos a aparições externas. Viramos produtos de uma sociedade fruto farto da revolução industrial. Somo educados por marketeiros, cujo formato da embalagem e o rótulo deve desviar a atenção do conteúdo. Às embalagens feias não têm demanda!
Concorremos com a gente mesmo numa guerra fútil para uma beleza externa, e deixamo-nos cada vez mais vazios...
Vejo preocupações alimentícias focadas nas calorias, não nos nomes estranhos que mal identificamos, ou na origem e processo daquilo que chamamos de alimento.

Esta escolha por rótulos, escolha por sermos rótulos, contribui para outros comportamento ocos, como escolher um cachorro pela raça. Passamos a ser controlados pelo gosto imposto. Não temos mais certeza se gostamos do que gostamos, ou se gostamos para que os outros gostem da gente. Nos deparamos então, com uma sociedade farta de pessoas que agem previsivelmente, se afastando de si mesmo para poder se querida por outros que mal se conhecem.
Nosso comportamento social pode ser limitado ao Facebook. Um mundo de aparências, onde todos leem Nietchszie, todos amam animais, todos são belos e bonitos. Mas esta propaganda de margarina acaba assim que falta luz. No escuro, podemos nos mostrar monstros egoístas, que roubam e depredam, ações que gritam aquilo que a gente esconde.

Que difícil é encarar o mundo para aceitar ser você.
Pois escolho que minha embalagem será transparente, com rótulos diversos que as vezes vão agradar, outras não. Que as vezes vão enganar sobre o conteúdo. Que as vezes vão afastar, e outras, criar demanda.
Escolho ser mais fiel e exigente no que me preenche, no que me recheia.

Num mundo, como um grande mercado, produto sem rótulo não vende.

2 comentários:

  1. Um "produto que não tem rótulo" traz a curiosidade para saber o que tem dentro, traz a vontade de se perguntar o "por que ele não tem rótulo" e nos faz lembrar q nada precisa ser igual.

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  2. Não tem preço. Não há o que pague uma curiosidade cessada, menos ainda quando agradável. A gente vai indo, né?! Prefiro o risco de ser feliz em mim do que perdida neste mundo mercado.

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