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Ensaio Reticom

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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

No Inferno Astral

A doce sensação de se permitir àquele leve depressão quase cênica, que condensa o tempo e o espaço. Que permite à delícia de uma dor quase escolhida, o peso das lágrimas alcançadas.

O céu se divide entre o azul mais vivo que meus olhos alcançaram e o cinza úmido mais cabível ao momento buscado.
O vento coreografa as folhas que as árvores se desfizeram e permite-me como espectadora de um dos mais belos espetáculos de dança, que alcança o tato, o olfato, a audição... quase num convite ao tempo para que deixe de ser linear.

E neste envolvente espiral me reencontro comigo mudada, num tempo que passa e me retorna presentes.
Na delícia de repensar no que foi vivido em 29 anos, avaliar o que construí dentro e fora de mim, não há necessidade de fuga frente ao aperto que começa de dentro, no centro.

A doce depressão quase cênica, com trilha sonora adequada, vozes rachadas... chuva, livro e filme que embargam a ânsia de uma alegria infantil, adiando e preparando novos conteúdos e estruturas que construam  uma nova felicidade.

Me permiti, antes de gozar do inferno, vomitar palavras sem nexo, sem a beleza da prolixidade ou das doces confusões metafóricas. Há textos que transmitem minha perdição num tempo sem controle até que cesse em mim o desejo de boiar na areia movediça, que envolve, abraça, conforta...

A doce sensação de depressão quase cênica do meu inferno astral.
Acredito quando faço acontecer. Me delicio quando perco controle do tempo que me joga de volta pra mim...

Eu vou voltar. Mudada, mas sem deixar de ser eu em busca de mim.

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