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Ensaio Reticom

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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Com um pouco de coragem, silêncio não é omissão.

Há uma luz que conforta, aquece, queima, arde, arranca, rasga, expõe...
Aquilo que te faz amar, quando te faz engolir desrespeito, te faz questionar.
Questionar a si mesmo, o que se ama, o que se aceita...
"A paz que eu não quero para ser feliz" é aceitar por convívio social ou consideração, falas e comportamento que julgo o atraso da revolução mental, e consequentemente social, do ser humano.
O egoísmo, a ganância, o ódio, a intolerância.
Penso e repenso meus defeitos e sombras quando lembro quanto amor cultivo àqueles que agem de forma, ao meu ver, errada. Ao meu ponto de vista, posso lembrar de aceitar o tempo, as referências, a semiótica de cada um. Mas ao me sentir desrespeitada, ameaçada, confrontada, não cabe mais ao tempo do outro minha calma e paciência. Cabe ao meu questionamento quais são os valores que posso manter, melhorar e cultivar em mim daqui por diante.
Há algum tempo fingi não ouvir comentários racistas, reacionários, preconceituosos por virem daqueles que eu amava, daqueles que me recebiam. Hoje entendo que a barbárie se planta aí. Nestas palavras do próximo e no meu silêncio. Na minha presença omissa no cultivo do ódio, onde minhas lágrimas de indignação alimentam a distância da paz. E que o amor morre na mesma condição, quando o que se um dia admirou se dissolve em atos mesclados de familiaridade.
Se o amor prevalece, trabalhamos juntos na transformação de ambos. Mas não é possível transformar sozinho.
Não da pra deixar de amar com a mesma intensidade e velocidade que uma surpresa indigna, mas é possível sentir, quando passou, que um pouquinho de amor acabou. Vazando com o que um dia nasceu da admiração, da cumplicidade, da humildade, da troca... quando tudo evapora, percebe-se o amor tão isolado, em partículas tão pequenas, que qualquer vento o faz perder o sentido. É uma morte dupla!

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